Terrifier 3
Director
Damien Leone
Genre
Terror
Cast
Lauren LaVera, David Howard Thornton, Antonella Rose
Writer
Damien Leone
Company
Diamond Films
Runtime
125 minutos
Release date
31 de outubro de 2024
Quando Terrifier chegou aos cinemas internacionais em 2018, logo fez sua fama em cima de sua determinação em mostrar as cenas de assassinato com o máximo de gore que Damien Leone conseguisse. Toda essa violência, no entanto, estava limitada ao orçamento de 35 mil dólares, o que resultou num filme ambicioso, mas comicamente simples, sobre um palhaço assassino e suas vítimas num Halloween. A trama era praticamente inexistente e os efeitos não eram suficientemente reais para realmente causar algo a mais, mas a figura de Art (David Howard Thornton), o palhaço silencioso, mas extremamente expressivo, foi suficiente para transformar o filme num pequeno fenômeno com uma bilheteria mundial 10 vezes maior que seu orçamento, o que nos levou a um segundo filme, lançado em 2022, que começou a mostrar os lugares que essa nova franquia poderia alcançar. Mesmo com um roteiro fraco (mas melhor que o primeiro), a história de Art e seu rastro de violência se expandiu e consolidou seu status de provável novo ícone slasher.
Terrifier 3, com um orçamento quase 10 vezes maior que o anterior, eleva tudo isso a um nível poucas vezes alcançado. Enquanto o primeiro filme era um filme B, não tão comercial e restrito a nichos de fãs do gore que caçam filmes bizarros na internet, a terceira parte dessa trilogia coloca Art no mainstream, com uma grande distribuição até mesmo nos cinemas brasileiros. É curioso ver esse tipo de filme alcançando uma audiência tão ampla e com tantos recursos à sua disposição – também faz questionar se esse tipo de filme realmente foi feito pra esse tipo de público. Todo ano algum filme de terror é eleito pelas redes sociais como o “mais aterrorizante do ano”, com relatos de pessoas que saíram no meio do filme ou vomitaram durante a sessão; isso nunca aconteceu, mas Terrifier 3 certamente é o que chega mais perto, e eu não duvido que muita gente vá, de fato, abandonar a sessão. Enquanto as mortes grotescas sempre tenham existido nessa franquia, o orçamento maior também representa melhores efeitos, muito mais realistas do que os anteriores. Poucas vezes eu me senti desconfortável no cinema, mas assistindo Terrifier 3 foi uma delas – o que não é necessariamente algo negativo, afinal, não é esse mesmo objetivo dos envolvidos? O modo como os limites foram desafiados, no entanto, nos faz perguntar para onde um Terrifier 4 pode nos levar.
Terrifier 3 continua de onde o segundo filme acabou e não perde tempo com explicações, Art acabou Terrifier 2 como uma figura mítica, sobrenatural, e é assim que ele permanece, como se nada tivesse acontecido com ele antes (se você não se lembra, ele deveria estar decapitado). Enquanto Art se juntou à Victoria (Samantha Scaffidi), também um acontecimento herdado do filme anterior, Sienna (Lauren LaVera) e seu irmão Jonathan (Elliott Fullam) estão lutando para superar o trauma e voltar à vida normal depois de sobreviverem ao último massacre de Art. Jonathan está na universidade e Sienna acabou de receber alta da instituição em que ela esteve internada, pronta para morar com os tios e sua prima Gabbie (Antonella Rose). O roteiro de Damien Leone garante diversas cenas para que Sienna e Jonathan, principalmente Sienna, falem sobre seus problemas e sentimentos, talvez Leon e tenha levado as críticas sobre a falta de uma trama tão a sério que, dessa vez, resolveu pecar pelo excesso. Além do histórico de Sienna e Jonathan, tem o desenvolvimento de uma trama sobrenatural, carregada de misticismo e simbolismo, além de Art determinado a acabar com o natal da cidade e por aí vai, por mais de duas horas. Talvez se Art tivesse se mantido como único vilão (ele agora tem uma ajudante que fala tudo que ele não diz, o que diminui inclusive a presença de Art), o filme poderia ter sido mais proveitoso.
Mais grandioso do que os outros em todos os aspectos, minhas críticas ao filme se limitavam ao seu enredo, até chegar em uma das cenas finais. É claro que Terrifier quer chocar, de todas as formas possíveis, mas o filme poderia se beneficiar de ao menos alguns limites ou o mínimo de coesão. Numa longa cena em que todos os efeitos são colocados em prática, com direito a close-ups, uma mulher é torturada de formas grotescas, mas em poucos segundos, a tortura se sobrepõe a todo o resto e perde completamente o sentido, ao ponto de causar desconforto e de te fazer se questionar do por que daquilo estar acontecendo numa tela de cinema. Mas de novo, esse aparentemente é realmente o único objetivo de Damien Leone, então podemos considerar um sucesso?
Por Júlia Rezende