A vida nos propõe ‘segundas chances’ na medida em que a percorremos. O mote de um ser humano comum, é nascer, viver e morrer. De qualquer forma, Sussane Bier e Anders Thomas Jensen, duo dinamarquês que vive sendo especulado em Hollywood (seus filmes são geralmente dramas), enxergam tudo de uma maneira bastante distinta e peculiar.
Em ‘Segunda Chance’, Bier retrata a parábola do homem que tem a capacidade de destruir ou dar sobrevida, a uma criança sem futuro. Não é algo incomum, se analisarmos do ponto de vista da nossa atual sociedade (e aqui falo, em um contexto micro). O brasileiro por vezes nasce sem muita perspectiva, e se adapta com esforço e perseverança até conquistar seus objetivos.
Se é algo corriqueiro para nós, nem sempre foi e será para os europeus (ainda que em época de grave crise econômica). No caso do filme de Bier, a questão não é se a criança, filha de dois drogados, teria alguma esperança; trata-se de algo relacionado ao papel do ser humano como um todo, como um ser ‘decente’ pelos olhos da sociedade. A temática é comum e corriqueira na filmografia da diretora, mas para seu roteirista é uma novidade.
‘Segunda Chance’ poderia facilmente esbarrar nos limites dos dramas políticos (tal como ‘Leviatã’), mas prefere trilhar o caminho da repercussão dos atos do homem (um policial brilhantemente interpretado por Nikolaj Coster-Waldau). É bem verdade que parte da narrativa quase cruza a linha entre o original e o clichê, mas consegue muito bem diferenciar as duas características.
Se tanto na vida, quanto na ficção, as segundas chances aparecem de forma indiscriminada, então é melhor não ignorar esses sinais. Sussane Bier não perde tempo tempo com devaneios típicos dos dramas atuais e é por isso mesmo que o filme ganha contornos de verossimilhança aos olhos dos brasileiros. ‘Segunda Chance’ é um termo que extrapola a semântica que lhe resguarda, por isso mesmo, deve ser levado a sério.
Trailer do Filme: