Não é segredo nenhum que a Pixar é uma potência no que tange as animações no cinema. Ela possui nada menos do que 27 Oscars e vários outros prêmios. Catorze dos dezesseis filmes lançados pela Pixar foram sucesso de crítica e bilheteria. Porém o estúdio também é reconhecido pelo incrível conteúdo dos seus filmes. O segredo é fazer filmes não apenas para crianças pequenas, mas também para crianças adultas.
É difícil atrair um público tão grande. De um lado temos as crianças que precisam de uma trama divertida e simples, do outro lado temos os adultos que querem um filme bacana e inteligente e há também os jovens que não querem uma trama ‘bobinha’, querem algo que desafia seus pensamentos críticos.
Em 1995 a Pixar lança ‘Toy Story’, primeiro longa animado a ser feito totalmente em computação gráfica. O filme foi um sucesso de bilheteria, de críticas e ainda foi indicado a três categorias do Oscar. O que surpreende nele é a sua profundidade. Não são apenas brinquedos que falam. São brinquedos que sentem, que amam e anseiam pela atenção de Andy, dono dos brinquedos. Eles se entristecem quando são deixados de lado e temem ser abandonados. A imaginação das crianças é o que dá vida a eles.
A Pixar manteve a fórmula e o sucesso foi inevitável. Filmes como ‘Up – Altas Aventuras’ e ‘Wall-E’ integram à lista de melhores filmes de todos os tempos. É importante observar que em muitos de seus filmes são abordados temas que vão além da compreensão das crianças, como a destruição do planeta (Wall-E), feminismo (Valente), depressão (Divertida Mente) e preservação ambiental (Procurando o Nemo). Esses questionamentos servem como uma cutucada nos adultos.
Há também os filmes motivadores como ‘Ratatouille’. Com o lema ‘qualquer um pode cozinhar’, o longa mostra que o talento pode surgir de qualquer lugar. Para as criancinhas, isso mostra que eles podem sim se tornar jogadores(as) de futebol, médicos ou o que for. E para as crianças adultas, mostra que elas podem sim conseguir aquela promoção no trabalho ou apostar em seu sonho. A sacada de colocar um rato como detentor de tal talento foi genial. Se mesmo um rato, um animal sujo e visto com maus olhos pela sociedade, pode ser um dos maiores chefs de Paris, o que te impede de fazer algo?
O humor também é uma marca registrada da Pixar. Não há como não rir com Russel, nosso carteiro tampinha de ‘Up – Altas Aventuras’, com Rex, o divertido tiranossauro da franquia ‘Toy Story’, ou Sullivan, o “gatinho” de ‘Monstros S.A.’, além de diversos outros personagens. O humor é leve, ingênuo, crítico e fácil de se entender. Isso é demasiado importante para que se consiga passar uma mensagem legal sem deixar o longa entediante.
Muitas empresas erram ao focar em apenas um público. Animações muito infantis espanta o público jovem e adulto. Já animações sombrias e escuras afastam o público infantil. A Pixar alcança a perfeição ao realizar uma série de trabalhos incríveis que marcam toda uma geração e caem no gosto das crianças. Desde as pequenininhas até as que tem barba.
Infelizmente algumas pessoas ainda veem as animações como ‘filmes para crianças’. Talvez estejam certas. Afinal, a Pixar faz filmes para crianças de todas as idades, inclusive para as crianças adultas. Essas vão com o pretexto de apenas levar seus filhos, sobrinhos ou irmãos pequenos, mas nas poltronas do cinema todos voltam a ter cinco anos e se encantam com cada cena. E depois de acabar eles voltam a ser adultos e saem sérios – ou não – do cinema, enquanto a criança dentro deles vibra de emoção com o filme que acabou de ver.