Já imaginou viver em uma comunidade? Erik e Anna, interpretados pelos atores Ulrich Thomsen e Trine Dyrholm, não só pensaram como colocaram em prática essa ideia um tanto peculiar. O casal de acadêmicos dinamarqueses decidiram, juntamente com sua filha Freja, montar uma comunidade na enorme mansão de Erik em um distrito de luxuoso de Copenhagen. O casal então passa a convidar algumas pessoas a morar com eles, e passam a participar de participamos das reuniões, jantares e festas. Após a revelação de um caso de amor extraconjugal, a comunidade passa a enfrentar grandes conflitos.
A grande maioria dos personagens de ‘A Comunidade’ são meros coadjuvantes, a história central mesmo envolve Anna, Erik, e sua aluna Emma, interpretada por Helene Reingaard Neumann, que passa a se envolver com o professor casado. Essa relação entre os três personagens é curiosa e um pouco inquietante. Mas vamos começar pelo começo.
A ideia de transformar sua própria casa em uma comunidade foi de Anna, que não se sentia totalmente feliz em uma vida compartilhada apenas com o marido e com a filha. Após a casa realmente se tornar uma comunidade, a vida do casal muda completamente, e o companheirismo entre os dois sofre um abalo. Esse abalo dá margem para que Erik se envolva com a aluna Emma, de 24 anos.
Diferente de outras relações extra conjugais, em que o marido ou a esposa não comentam sobre isso, num processo contínuo de traição, Erik decidiu contar a verdade para a mulher. Essa cena é bastante inusitada e quase que inacreditável. Anna se entristece por saber que seu marido está saindo com outra mulher, mas tenta ao máximo relevar essas afirmações pelo medo de perdê-lo, porém Erik decide sair de casa para viver com a aluna. Anna, com medo de perder suas relações com o marido, sugere que Erik leve Emma para morar na casa também. Emma acaba dando um tiro no pé e não aguenta viver naquela situação.
Esse cenário é um tanto interessante, pois nos revela uma mulher que não se satisfazia com uma vida “normal”, com o marido e a filha, então decidiu colocar a ideia sobre a comunidade em prática, passou a ter várias pessoas ao seu lado, dividindo o mesmo espaço, e ao final, acabou sem ninguém.
O diretor Thomas Vinterberg, de ‘A Caça’, é dono de uma estética formidável, que cria uma atmosfera bastante condizente com os seus filmes. É como uma assinatura.
‘A Comunidade’ não é o melhor filme de Vinterberg, e algumas de suas situações não são críveis, pelo menos dentro de um padrão sentimental, se é que podemos chamar assim, porém suas contradições criam um ambiente interessante, que junto com a ótima estética do diretor, resultam em um bom filme.