O argumento da franquia é que a criminalidade estava em níveis alarmantes e a economia estava despencando, então foi criado um dia no ano onde, por uma noite e durante doze horas, todos os crimes eram válidos. A ideia foi recebida com espanto, mas foi validada. Deu certo. A economia voltou a subir e os níveis de criminalidade caíram. Entrementes, há uma boa explicação para isso ter acontecido.
A ideia de que as pessoas teriam uma chance de despertar seu ‘lado animal’ que fica reprimido durante todo o ano as deixariam mais calma tem fundamento, porém não o suficiente para salvar um país. No primeiro filme, com Ethan Hawke, já se percebe que o racismo motivava os crimes. Também pode se notar como o poder pode criar relações tensas até mesmo entre vizinhos.
O segundo filme da trilogia, ‘Uma Noite de Crime 2: Anarquia’ mostra de uma forma perfeita como seria se essa lei incrivelmente insana fosse aprovada em um país. Os pobres seriam exterminados em massa, sobretudo os negros e imigrantes. Os mais ricos comprariam pobres moribundos a fim de matá-los para ‘expurgar’, como dizem nos filmes. Sem mencionar que seria o dia perfeito para traficantes de pessoas e de órgãos. Seria a oportunidade mais do que perfeita para sequestrar pessoas e/ou matá-las e roubar todos os seus órgãos. Tudo seria possível. No terceiro filme, uma candidata à presidência defende o fim do expurgo. Obviamente a oposição tenta matá-la. Contudo, surgem grupos que lutam pelo fim do expurgo. Acalme-se. Não darei spoilers.
A trilogia ‘The Purge’ mostra tudo que governos extremistas podem fazer. Matar milhões para ‘salvar’ um país. Mais do que isso, a trilogia mostra o que podemos fazer sem que haja um controle. Você pode até pensar ‘Nossa, mas eu não faria nada disso!’. O que você faz quando seus pais não estão olhando? O que seria capaz de fazer quando não houvesse autoridades te olhando? Como reagiria se sua casa fosse invadida, se sua família fosse morta e você soubesse que o ‘criminoso’ não seria punido por isso? Não há como saber nossa reação. Se há um lado animal dentro de nós, ele deve ser mantido enjaulado a sete chaves.