No primeiro semestre deste ano o Reino Unido chocou o mundo ao anunciar sua saída da União Europeia. A separação foi motivada por um grupo denominado Brexit, acrônimo para ‘saída britânica’. O resultado foi um abalo em uma das maiores economias do mundo e uma série de incertezas no Velho Continente. Tudo por conta de um grupo extremista que repudia os imigrantes e se recusa a ver o Reino Unido ajudando outros países economicamente. Mas como se formam esses grupos? O filme alemão ‘A Onda’ explica tranquilamente.
‘A Onda’ conta a história de um professor que deveria ensinar aos seus alunos o que é autocracia e decide montar um grupo fascista para que os jovens vejam que uma sociedade democrática não está imune a regimes extremistas. O problema é que essa ideia sai do controle e os jovens levam esse grupo para fora da escola e acabam criando o caos.
No longa alemão nós vemos alunos vindo de famílias ricas, mas que levam uma vida vazia. Então Rainer Wenger, o professor, cria o grupo e todos ficam fascinados com aquilo. É interessante ver como uma simples ideia uniu jovens com pensamentos e atitudes tão divergentes. Sr. Wenger, como era chamado, eliminou as diferenças entre eles e fez com que todos fossem apenas um. Logo eles passaram a não aceitar pessoas que não fizessem parte do movimento.
Sociedades onde há alta desigualdade social e um governo fraco ou demasiado opressor estão vulneráveis a regimes extremistas. As pessoas sucumbem ao desespero e se levam por ideias absurdas e por vezes desumanas. Esses grupos criam regras e seus seguidores as defendem sem ao menos questioná-las. Todavia a cidade onde o filme se passa tem predominância da Classe A e B e o governo era ótimo. E ainda assim, mesmo em uma situação tão boa, grupos extremistas podem se formar.
Aqui no Brasil, um país com alta desigualdade social e com um governo fraco, nós temos grupos de extrema-esquerda e extrema-direita, embora seja pequena. Obviamente esses grupos não são nenhum ISIS, Boko Haram ou Al Qaeda. É comum você ver estudantes de universidades federais defendendo partidos cujos seus representantes dizem que quem defende o empreendedorismo merece morrer, ou ver pessoas defendendo políticos que condenam o casamento homoafetivo ou até os próprios homossexuais.
‘A Onda’ nos mostra que estamos e sempre estaremos vulneráveis ao extremismo. Pessoas desesperadas e ansiosas para se sentirem úteis. E assim criamos uma sociedade aos gritos de ‘Fascistas!’, ‘Comunistas!’, ‘Maconheiros!’, ‘Golpistas!’ e todo tipo de ódio que se pode esperar de um país como o Brasil. Esse fanatismo se torna tão grande que as pessoas pagam para os seus líderes para viajarem e protestam por desvios de dinheiro em uma estatal, mas aceitam que crianças fiquem sem suas merendas.
Dennis Gansel mostra ao mundo que um novo Adolf Hitler, Benito Mussolini, Josef Stalin etc., podem surgir a qualquer momento. Uma nação se divide em extremos quando começam a perder a esperança; quando veem seus governantes agirem como os porcos da Granja do Solar pegando o leite todo pra eles e, assim como uma grande onda, leva tudo por onde passa. É assustador pensar que, o que era pra ser ficção, é a mais pura realidade.