“A Primeira Comunhão” é um terror espanhol dirigido por Victor Garcia, um filme que remonta ao gênero do “fantaterror”, típico da Espanha, que junta terror com fantasia. A história se passa nos anos 80 e já abre com Sonia (Claudia Riera), uma jovem repleta de manchas no corpo e claramente perturbada, ela está presa dentro de seu quarto e seu namorado também está presente. Algo sobrenatural influencia o comportamento da menina, que expressa seu desespero e desesperança diante da situação, que parece envolver uma boneca em seu quarto.
Quatro anos depois do acontecimento, somos levados à cerimônia de primeira comunhão de uma menina, onde somos apresentados à sua família, pais, irmã e tia, e à uma mulher que procura sua filha que estaria desaparecida, mas que é rapidamente retirada do local. Somos apresentados também à tradição espanhola de presentear as meninas nesse evento com uma boneca, o que já causa desconforto para as famílias que não têm como arcar financeiramente esse costume. É esse o caso da família de Sara (Carla Campra), que ainda é vista como deslocada e forasteira por ter se mudado recentemente.
Todas as famílias da cidade têm o costume de frequentar a igreja, mas Sara e sua amiga Rebe (Aina Quiñones), assim como outros jovens da cidade, estão mais interessados em ir a festas do que a missas e em uma dessas festas, as duas encontram Chivo (Carlos Oviedo) e Pedro (Marc Soler), dois rapazes que lhes oferecem carona, mas enquanto voltavam para casa, o caminho deles é cruzado pela aparição de uma figura feminina vestida de branco, como as meninas na primeira comunhão, mas apenas Sara tem certeza do que viu e é Sara também que encontra no local uma boneca de primeira comunhão e a leva para casa. A partir dessa noite, tudo muda para eles.
“A Primeira Comunhão” consegue trazer em si diversos elementos do gênero do terror, tudo que se espera de um terror religioso/de possessão, jump scares, os personagens e estereótipos, uma dose de mistério, ação e suspense e, inevitavelmente, todos os clichês que podem acompanhar. Os clichês não são, necessariamente, uma coisa negativa, especialmente quando consideramos filmes do gênero do horror, que já vêm dentro de caixinhas preestabelecidas, salvo poucas exceções. O filme em questão não é uma dessas exceções e se rende desde o princípio a todas essas convenções esperadas.
Entretanto, há fatores positivos que devem ser mencionados, como ter a tradição e os costumes espanhóis como base para seu enredo, fugindo, pelo menos nesse sentido, dos temas tipicamente norte-americanos que predominam o gênero, assim como uma fotografia de muito bom gosto, que sabe aproveitar o melhor que cada cena de suspense (apesar dos cortes abruptos que vez ou outra atrapalham o andamento) tem a oferecer, a atuação das protagonistas e a trama relativamente interessante: mesmo que o filme demore a engatar, sobretudo no terror, consegue prender a atenção até o final sem ser maçante. O filme está longe de ser original ou o melhor filme de terror do ano (sobretudo nesse que já trouxe muitas estreias excelentes e promete ainda mais), mas é razoável o suficiente para render uma boa ida ao cinema.