Um pouco de emoção envolve qualquer ser humano, mas quando a família é envolvida o sentimento torna-se ainda maior. E mesmo que saibamos que em um filme de suspense tudo pode acontecer, em ‘À Procura’, dirigido pelo egípcio Atom Egoyan (‘O Preço da Traição’ e ‘O Doce Amanhã’), essa verdade está muito longe de ser real. O longa, que estreou há algumas semanas, nos leva a crer que não há inovação e organização por parte da direção, quesitos importantes, que podem deixar o telespectador decepcionado.
O protagonista é Matthew (personagem de Ryan Reynolds), pai de Cass (Peyton Kennedy/Alexia Fast), que é praticante de patinação do gelo. Após o treino, o pai dirige até uma lanchonete, deixando a menina de nove anos no banco de trás do carro. Ao voltar, Matthew percebe que ela não está, levando-o ao desespero. O homem busca a delegacia mais próxima, onde encontra os policiais Nicole (Rosario Dawson) e Jeffrey (Scott Speedman), que assumem o caso e iniciam as buscas. Cass dá um sinal de vida, seis anos após seu sumiço, como a principal peça de uma grande rede de pedofilia do Canadá.
Com esta sinopse, torcemos muito (quase sempre) para a felicidade e um bom desfecho de um filme. Entretanto, não é sempre que um final feliz acontece em um longa, principalmente quando os clichês são o destaque, tornando-se prolixa e cheia de redundâncias. O filme chegou a ser indicado ao Palma de Ouro em 2014, mas é difícil entender o porquê, já que não apresenta novidades, assim como um filme apresentando na Tela Quente.
O filme apresenta problemas, desde a longa e cansativa introdução, até os contrapontos feitos a todo o momento – entre as passagens relacionadas ao passado e ao presente das vidas dos personagens -, dando um verdadeiro “nó” na cabeça do telespectador. O necessário para a real história vem a acontecer a quase uma hora de filme. Além disso, os personagens não transmitem nenhuma emoção, apesar do elenco escalado ser competente. A relação com a esposa (personagem de Mireille Enos) não se torna fácil para o personagem de Ryan Reynolds, motivando a resolver toda a situação como um justiceiro. Em contrapartida, a equipe de policiais especializada contra crimes de pedofilia é liderada por Nicole, é muito bem estruturada, e a ideia de uma mulher no comando de uma equipe que busca ajudar crianças e adolescentes, remete à maternidade, à proteção às crianças que estão sob a mira dos pedófilos.
Mesmo com a utilização de uma paleta de cores escuras – variando entre o preto e branco -, o ar sombrio do thriller não esconde a previsibilidade do roteiro. Até certo momento, a história se aproxima muito do filme ‘Os Suspeitos’ de Denis Villeneuve (‘O Homem Duplicado’ e ‘Incêndios’), mas elementos importantes o diferenciam do filme citado. Os suspenses são preparados para causar e provocar emoções e não evita-las, e nesse caso, o enredo não envolve, pois é baseado em uma história mirabolante, tornando-se complicado credita-lo. Também é impossível mensurar a quantidade de cenas desnecessárias, que poderiam dar lugar a uma história mais comedida e objetiva. O algoz, por exemplo, passa a ser o anti-herói e o protagonista o vilão de toda a história. Se a intenção era modificar um clichê, não funcionou.
Trailer do filme: