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Claude Lherminier (Jean Rochefort) por uma deficiência gradativa na memória está preso a fatos de sua infância, perdas recentes de sua vida madura, no alto de seus mais de 80 anos e enclausurado em sua bela propriedade sobre serviços de enfermeiras, que ocasionalmente ele mesmo cria formas de expurgá-las de seu convívio, lutando para ter autonomia de sua velhice.

O tom dado a este filme oscila entre um drama sensível e uma leve comédia, mas a liga para não cair na pieguice está no carisma do veterano ator Jean Rochefort, que dá formas simpáticas de conquistar o público, mesmo sendo às vezes caricato, criando um personagem ranzinza, mas boêmio. A direção de Philippe Le Guay ao mesmo tempo que constrói a história de nosso personagem através de flashbacks, também quer delimitar a perda gradual e inevitável de suas lembranças, aquilo que dá liga ao seu caráter.

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Crédito: Divulgação

Para os que o rodeiam, sua filha Carole (Sandrine Kiberlain) ou seu neto Robin (Clément Métayer) fica a dificuldade da decisão de como gerenciar o declínio de alguém que já teve total controle de seu legado, pois Claude era um grande industrial do papel, negócio assumido por sua filha.

O roteiro adaptado de uma peça, consegue nos carregar através de alguns pontos simbólicos, como a obsessão de Claude por relógios, seu apego a figura da filha que vivia na Flórida, por isso o suco de laranja é sua ligação afetiva a ela, e seu carro antigo aliado e cantadas ocasionais à garotas, empregadas e enfermeiras são reafirmação da masculinidade perdida com o tempo e a dependência das mulheres em sua vida.

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Mas talvez pelo excesso de mecanismos que a produção se atribui para nos contar um problema tão essencial quanto este, deixa o filme cansativo, o que necessitaria de menos tempo de projeção, mas no fim o conjunto das boas atuações e um personagem central carismático nos levam até o objetivo.

Não é a primeira vez que vemos o tema Amnésia, ou Alzheimer ser abordado, mas a direção deste interessante filme humaniza gradativamente cada momento de perda, mesmo que tentando divertir ao mesmo tempo. Vale o ingresso.

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