“Amor Nas Alturas” é a nova série musical original do Star+ com 8 episódios de aproximadamente 30 minutos cada, trata-se de uma comédia romântica que se passa em Nova York no finalzinho dos anos 90 e conta a trajetória de Lindsay (Mae Whitman) e Miguel (Carlo Valdés), dois jovens que se encontram na fase inicial de suas vidas profissionais, em que ainda estão tentando entender e conquistar seu lugar no mundo.
Desde Glee, uma série que apesar de todos seus problemas foi um grande sucesso e pioneira em muitos sentidos, novas séries musicais surgem de tempos e tempos, mas, com exceção de “Crazy Ex-Girlfriend” que durou 4 temporadas, essas séries não costumam sobreviver a mais de 1 ou 2 temporadas. É difícil fazer com que uma série musical alcance o grande público, aqueles que não são fãs ardorosos de musicais, mas que ainda estejam dispostos a assistir uma série com músicas incorporadas a cada episódios. A música, inclusive, talvez seja um dos maiores desafios, Glee foi o que chamamos de musical jukebox, ou seja, fazia versões de músicas já conhecidas – e já amadas – o que certamente ajudava na aceitabilidade.
Em “Amor Nas Alturas” eles parecem ter encontrado uma proporção interessante entre uma série “comum” e um musical, com alguns números pontuais por episódio (pelo menos nos 3 primeiros que já assistimos). As músicas são originais, escritas pela dupla de compositores Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez, responsáveis pelas músicas de Wandavision e do musical da Broadway “The Book of Mormon”, e trazem insights das mentes dos protagonistas, com um tom de comédia que deixa tudo mais interessante.
É, inclusive, na mente dos protagonistas que vivem as principais questões da trama. Ambos Lindsay e Miguel são acompanhados constantemente pelas inseguranças que cultivaram e trouxeram de seus passados. O diferencial é que essas inseguranças e ansiedades se manifestam fisicamente (pelo menos para o espectador e para os protagonistas em si) em pessoas que originaram tais sentimentos. Lindsay, por exemplo, está sempre acompanhada (em sua cabeça) de seus pais e sua melhor amiga de infância, vozes constantes que fazem questão de relembrá-la a todo tempo de tudo que pode dar errado em cada uma de suas decisões. A ideia é a de que todo mundo tem alguma voz intrusa, as de Miguel são apresentadas no segundo episódio, consolidando esse conceito e aumentando o nível da série num geral.
O casal protagonista é extremamente cativante e fácil de se conectar, com suas imperfeições, confusões e a vontade de “dar certo”, a simpatia e talento dos atores ajuda bastante nesse quesito. O cenário do final dos anos 90 também traz o sentimento de nostalgia para o público-alvo da série, que agora pode se encontrar na mesma fase que Lindsay e Miguel estão vivendo.
Se a série conseguirá quebrar essa barreira das séries musicais, só o tempo nos dirá. O que vale ressaltar agora é que o enredo é sensível e relacionável, ao mesmo tempo que leve e engraçado, independe de ser um musical ou não, tendo o necessário para agradar e deixar a vontade de assistir aos próximos episódios.