Agente 355 foi o codinome de uma das primeiras espiãs dos Estados Unidos, ela fez parte da organização de inteligência Anel Culper durante a Revolução Americana e sua real identidade nunca foi descoberta. Essa é a inspiração por trás do título do filme de ação estrelado por Penélope Cruz, Lupita Nyong’o, Diane Kruger, Bingbing Fan e liderado por Jessica Chastain, que também é responsável pela produção. Além das mulheres, que são o grande destaque, o elenco ainda conta com nomes como Sebastian Stan e John Douglas Thompson. Com uma inspiração dessa e um elenco de peso, era de se esperar que “As Agentes 355” fosse um sucesso certeiro, mas infelizmente acaba não atingindo todo seu potencial.
O filme dirigido por Simon Kinberg tem como protagonista Mace (Jessica Chastain), uma agente da CIA enviada à Paris junto com seu interesse romântico, e também agente, Nick Fowler (Sebastian Stan) numa missão para coletar para CIA uma superarma, supertecnológica e, consequentemente, supervisada por vilões não-americanos, aquela velha história de 90% dos filmes de ação com espionagem. O responsável por entregar a superarma à Mace é um mercenário colombiano (Édgar Ramirez), mas seus planos são interrompidos pela agente alemã e inimiga, Marie (Diane Kruger). Circunstâncias da trama fazem com que Mace e Marie sejam obrigadas a unir forças para sobreviver, mas à medida que os problemas aumentam, elas recebem o reforço da agente Khadijah (Lupita Nyong’o) e de Graciela Rivera (Penélope Cruz), uma psicóloga que trabalha para o governo e acaba entrando nessa “sem querer”, ela só quer voltar para casa e para sua família e se torna uma boa fonte de humor durante o filme, apesar de não ser tão bem aproveitada quanto poderia.
De Paris direto para Marrocos, o quarteto enfrenta todo tipo de situação perigosa, mas está sempre pronto para qualquer uma delas. As lutas são bem coreografadas, apesar de algumas vezes o movimento de câmera acabar tirando um pouco da velocidade e do brilho das acrobacias. É em Marrocos também que as quatro mulheres começam a desenvolver um laço de amizade além de toda pancadaria e espionagem, e é aqui que a qualidade do elenco faz toda diferença, todas elas têm química e criam personagens cativantes, mesmo que não tenham tanto conteúdo para trabalhar.
Um dos principais defeitos do longa é a quantidade de vezes que cai em clichês superficiais, seja na trama ou na personalidade das personagens. Cada uma delas é definida por suas relações ou falta dela, Mace e Marie são solitárias, Graciela é mãe e esposa em uma família feliz e saudável, Khadijah luta para balancear trabalho com um novo relacionamento, e não muitas outras características são atribuídas à elas, apesar de serem o grande foco do filme, isso provavelmente se deve ao fato de, mesmo com toda a bandeira do protagonismo feminino, ainda ter um diretor/roteirista homem e sem muita experiência como diretor.
Uma boa surpresa, no entanto, é Lin Mi Shang (Bingbing Fan) uma personagem ambígua e misteriosa, que tem uma relação suspeita com seu pai e vem para dar um novo rumo e um novo clima para a trama, criando um terceiro ato divertido e complementando o elenco talentosíssimo.
O filme diverte se você assistir sem muitos questionamentos e sem a esperança de um clímax complexo e inesperado. Ainda que tente se sobressair por ser liderado e altamente focado num grupo de mulheres num gênero de filmes tradicionalmente dominados por homens – e esse é o único fator que faz com que “As Agentes 355” valha ser assistido – não consegue se livrar de padrões e vícios típicos de tantas histórias que vieram antes, ficando apenas na categoria dos filmes de ação legais para quem gosta de ação e não muito mais.