No novo filme da franquia, Michelangelo, Donatello, Leonardo e Raphael enfrentam vilões clássicos com a ajuda de April O’Neil, interpretada por Megan Fox, Vern Fenwick vivido por Will Arnett, e o recém, mas nostálgico justiceiro Casey Jones à quem Stephen Amell dá vida. O mundo fica em perigo depois que o Destruidor (Brian Tee) foge das mãos da justiça, e junta forças com Baxter Stockman (Tyler Perry), um cientista que tem a intenção de dominar o mundo, e que faz experiências com os dois capangas Bebop (Gary Anthony Williams) e Rocksteady (WWE Superstar Stephen “Sheamus” Farrelly) para o ajudar nesse plano maligno. O Destruidor ainda tem a ajuda de Krang (Brad Garrett), uma ameaça nunca vista pelas Tartarugas que promete destruir a terra.
Cresci vendo os desenhos das Tartarugas Ninja nas manhãs antes de ir para a escola, e me lembro de ver os filmes dos anos 90, durante as férias, na sessão da tarde. Não me lembro muito bem da história, da trama, mas quando tenho a lembrança daquele momento, me dá a sensação de um tom de aventura tão benéfica que a sensação nostálgica entra na lista da “Regra dos 15 Anos” (filmes que vimos quando crianças e pensamos ser a melhor obra já feita, mas depois de uma certa idade e com uma certa bagagem, podemos perder aquela sensação do filme incrível que temos na memória. A regra dos 15 anos não deve ser interferida, ou revisitada, por isso, me deixem pensar que, ‘Super Patos’ e ‘Free Willy’ continuem intactos na minha mente como grandes filmes dos anos 90, rs), mas que com certeza ficam na prateleira de boas contribuições para uma vida cinéfila e nerd.
Não aceitei muito bem a história de origem do filme de 2014, me parecia muito mais um filme da April O’Neal, do que da equipe de Rafael, Donatello, Michelangelo e Leonardo. Entre essas duas sensações vividas, tanto a nostálgica de 1990, quanto a decepção de 2014, fui para o cinema com um mix de medo e esperança. O medo por não lembrar se de fato a comparação com os antigos era justa ao meu sentimento e confiança, e a esperança devido ao anúncio de vilões clássicos como Krang, Bebob e Rocksteady, que poderiam dar uma ameaça melhor do que o fraco Destruidor do primeiro filme. Também cruzando os dedos para o novo diretor Dave Green não repetir a bobeira do primeiro filme de fazer um filme sério e com pouco espaço para a exploração dos personagens, e não perder tempo demais com Megan Fox sensualizando diante as câmeras.
Enfim o que temos aqui é uma boa continuação, muito superior à anterior, engraçada, envolvente, divertida e com uma aventura que interessa, com um ótimo tempo de tela para a construção dos personagens principais e respeito ao universo cartunesco dos anos 90. As Tartarugas Ninja realmente saem daquelas sombras do primeiro filme e vêm nos apresentar um mundo colorido, insano, distópico e bem humorado, um clima que só elas têm. A produção ainda conta com ótimas referências da cultura pop e uma trilha sonora que vai deixar muita gente de sorriso no rosto. Há também cenas excelentes acompanhadas por um ótimo GCI, de dar inveja em muito ‘X-Men’.
Destaque para o conflito abordado no filme sobre as tartarugas serem aceitas pela sociedade devido ao seu aspecto físico. Esse conflito do filme faz relação à muitas situações que enfrentamos hoje em dia, com uma sutileza e pontos colocados de diferentes formas e visões.
Poderíamos ter apenas um ato do diretor de mostrar que o filme não é só uma soma de chutes, socos e pizza, mas que se trata de um tema reflexivo e atual, por mais fantasioso que a trama seja. Querendo promover debates ou não, os argumentos são de suma importância para a construção dos protagonistas, que se questionam se as pessoas podem ver as Tartarugas Mutantes como heróis e não aberrações.
O mestre Splinter (Peter D.Badalamenti) ainda não conseguiu ser bem explorado, mas ainda sim tem uma ou duas cenas muito boas que vão tirar boas risadas do público, já April O´Neal é uma falha, como no primeiro filme. Sephen Amell é um ótimo Casey Jones, e as Tartarugas são realmente tudo o que queremos nas telonas.
Com alguns defeitos para facilitar a continuidade da trama, o filme ganha prestígio no seu humor leve e criativo. Suas risadas certamente serão libertadas por Bebop, Rocksteady, Michelangelo, Vern Fenwick e Casey Jones, que tem a cena mais engraçada do filme. O humor não quebra ritmos, interfere ou peca em infantilizar demais a história. As novas Tartarugas Ninja chegaram nessa continuação, e prometem agradar os novatos e os velhos fãs.
Como um episódio dos anos 90 em um filme de quase 2 horas e um sentimento resgatado dessa década, afirmo que vejo com esperança a franquia desse mundo de Nova York com vilões excelentes, mesmo que o Destruidor ainda não tenha convencido, temos Bebop, Rocksteady e Krang que entregam um desafio à altura das tartarugas que tanto gostamos e conhecemos.
Que a santa tartaruga esteja em nosso caminho e que com uma pizza nas mãos possamos prestigiar mais desse universo explosivo e fantástico que Michelangelo, Donatello, Leonardo e Raphael nos apresentaram.