“Bright” não consegue mesclar fantasia e realidade e acaba decepcionando

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Já pensou um universo onde as criaturas e elementos de “O Senhor dos Anéis” e “Harry Potter” vão parar em uma trama policial dramática e tensa? Pois é, a Netflix investiu $90 milhões de dólares apostando nessa ideia, para fazer o seu filme mais caro até o momento, intitulado “Bright”. Escrito pelo jovem roteirista Max Landis (de filmes como “Poder Sem Limites” e “American Ultra”), que é filho do respeitado diretor John Landis (de “Um Lobisomen Americano em Londres” e “Trocando as Bolas”), o filme foi comprado com a “exigência” de que a direção caísse nas mãos de David Ayer, que muitos devem se lembrar por causa da decepção de “Esquadrão Suicida” no ano passado.

Uma nova chance para David Ayer

A predileção de Max Landis por Ayer na direção deve-se à alguns fatores. Primeiramente, Ayer é super fã de quadrinhos e tem enorme facilidade em trabalhar com temas policiais, levando em conta que foi roteirista de filmes como “Velozes e Furiosos” e “Dia de Treinamento”, além de ter escrito e dirigido “Marcados Para Morrer”, filme policial com Jake Gyllenhaal e Michael Pena. E também pelo fato de ser um diretor com personalidade, que “conhece as ruas” como poucos e talvez conseguisse equilibrar fantasia e realidade com uma pegada consistente e identificável com nossa sociedade atual.

Assim, o filme conta a história de Daryl Ward (Will Smith), um policial humano que tem como parceiro Nick Jakoby (Joel Edgerton) o único Orc na corporação. Graças a um confronto entre espécies no passado, há muito preconceito e desconfiança entre todos, mas ambos precisam deixar suas diferenças pessoais de lado para fazer suas patrulhas diárias e proteger uma jovem Elfa, que fugiu com um poderoso artefato mágico que não pode cair em mãos erradas.

Completam o elenco rostos conhecidos como Noomi Rapace e Jay Hernandez, entre outros. Ayer declarou que um dos motivos para seu filme anterior “Esquadrão Suicida” ter sido tão mal aceito foram as inúmeras interferências do estúdio no projeto. Aqui, entretanto, a Netflix deu carta branca para que o diretor pudesse explorar perfeitamente sua visão. Com essa nova chance em mãos, como será que ele e o filme se saíram?

Muitas tretas, pouca coerência

“Bright” é um filme bastante indeciso. A ideia de criar uma realidade alternativa onde humanos, orcs, elfos, fadas, centauros e etc vivem juntos em Los Angeles é ao mesmo tempo bizarra e intrigante. O longa tem uma abordagem levemente parecida com “Distrito 9”, retratando a questão das diferenças (sociais e raciais) entre as espécies. Em uma comunidade aparentemente abandonada e sem esperança de dias melhores, onde a maioria tem dificuldade em criar seus filhos, alimentá-los e manter um teto sobre suas cabeças, as ruas se tornam cada vez mais zonas de guerra, aumentando a criminalidade e dificultando o trabalho da polícia.

Portanto, o filme tenta levantar algumas discussões nesse sentido, como por exemplo, se a “raça” de alguém deve determinar permanentemente o lugar dela na sociedade – já que os Orcs se voltaram contra os homens há muitas gerações, será que seus descendentes deveriam ser punidos pelos erros do passado? Ayer conhece as rotinas de patrulha e a relação “polícia x comunidade” como poucos e – do ponto de vista de roteiro – até consegue criar um submundo plausível, que se divide entre gangues e policiais corruptos, fazendo com os que realmente se importam com a lei e a justiça sejam colocados frente à decisões morais difíceis, no conflito entre fazer o que é certo mesmo quando tudo parece perdido.

No entanto, o longa peca por não conseguir aprofundar esses temas e recorre a soluções fáceis e previsíveis, o tornando muito superficial para ser levado a sério. A combinação entre tantas figuras míticas e elementos mágicos também não casa organicamente, há muita informação e pouca coerência, tornando difícil de acreditar e entender algumas motivações. Aquele clássico exemplo onde a regrinha do “menos é mais” deveria ter sido respeitada mais vezes.

 

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Esquadrão Suicida 2.0?

Com tanta liberdade neste novo projeto (e por conta dos bons trabalhos anteriores), surpreende que “Bright” também sofra dos mesmos problemas estruturais e narrativos de “Esquadrão Suicida”. Apesar de aqui a maior atenção estar voltada para o drama de Will Smith, os primeiros atos exploram muitos núcleos diferentes (como a gangue dos Orcs, a elite Elfa, a importância da varinha mágica, entre outros) que são desprezados ao longo do filme, dando lugar a um terceiro ato com reviravoltas bem forçadas e genéricas.

O longa desperdiça alguns elementos que funcionaram nos primeiros minutos, como a utilização do carro de patrulha como uma espécie de “sessão de terapia” para reforçar a relação entre Ward e Jakoby, criando conexão entre a dupla. Mesmo sendo um filme de ação, o ritmo é um tanto arrastado, podendo cansar o espectador. Os diálogos muito explícitos e a utilização de alguns deus ex-machinas também contribuem para o desinteresse e a previsibilidade da trama.

Possível indicado ao Oscar?

Contudo, “Bright” também tem suas qualidades. Toda a inconsistência que prejudica sua narrativa passa longe quando reparamos na estética do filme, pois em aspectos técnicos ele é extremamente caprichado. Os cenários são incríveis, combinando lugares abandonados, paredes pichadas e pouca luz, reforçando um sentimento em “ruínas” que representa aquele universo. Belo trabalho do pouco conhecido diretor de arte Andrew Menzies, que trabalhou na equipe de arte de filmes como “Avatar”, por exemplo.

Um dos visuais mais notáveis do ano, lembra a atmosfera fantástica de obras como o recente “Ghost in the Shell” – que por sua vez foi inspirado em “Blade Runner” – e até “Atômica”, combinando o uso de iluminações neon com uma escuridão misteriosa e intrigante. O trabalho de captação de movimentos, maquiagem (que está entre os semifinalistas que irão concorrer ao Oscar) e efeitos visuais também impressiona, beirando o impecável. Sem me esquecer da trilha sonora pop e dinâmica, que conta com artistas como Bastille, Camila Cabello e Steve Aoki, entre outros rappers americanos.

Eu diria que “Bright” é um filme de seres renegados contra sua própria espécie, sendo julgados por não desejarem seguir as convenções que a sociedade impõe (os três personagens principais representam isso em três espécies diferentes). De certa forma, ele tenta refletir as tensões dos protestos nos EUA entre população e polícia ou fazer algum comentário social, mas é bastante confuso para que possamos dar crédito às discussões levantadas. Por mais que tenha algumas sequências de ação empolgantes e o carisma de atores como Will Smith, mais uma vez David Ayer falha ao tentar mesclar fantasia com uma pegada realista, pecando novamente pela falta de coesão.

E você, já assistiu ou está ansioso para ver? Concorda ou discorda da análise? Deixe seu comentário ou crítica (educadamente) e até a próxima!

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