Só o que é bom dura tempo o bastante para se tornar inesquecível
O Rock n’ Roll e suas vertentes derivadas do movimento Punk são marcadas pela atitude e a intensidade. Alexandre Magno Abrão, o Chorão, era a personificação desse estilo, seja na música ou através de sua personalidade.
Quando aos 21 anos, decidiu montar sua banda ao lado de Thiago Castanho, Marcão, Renato Pelado e Champignon ele tinha certeza que aquilo daria certo. Oito anos depois da criação do Charlie Brown Jr. deixava a cena Underground do rock para ganhar às rádios e MTV e se tornar uma referência musical de uma geração.
O documentário “Chorão: Marginal Alado” visita a história do artista desde o passado em Santos, no litoral paulista, quando ainda só andava de skate e admirava uma menina que caminhava na orla. Se não ele, quem iria fazer ela feliz?
Convencido, partindo dessa presunção a história de como Chorão conquistou a estilista, Graziela Gonçalves ganhou as paradas musicais e impulsionou imediatamente a banda e os caras do Charlie Brown literalmente invadiram sua cidade entre o fim de 97 e o início de 98.
Com o sucesso, ele fez uma legião de fãs e alguns rivais. Chorão tinha um temperamento
complicado e controverso. Se de um lado era emotivo e cuidava de todos a sua volta, desde fãs a familiares, por outro lado era workaholic e exigente e não lidava muito bem com as críticas ao seu trabalho.
No longa dirigido por Felipe Novais traz um compilado de cenas inéditas de bastidores das turnês da banda e entrevistas com amigos próximos, familiares, a ex mulher, ex-integrantes da banda, o produtor musical Rick Bonadio, o apresentador Serginho Groisman o cantor e apresentador João Gordo, Digão vocalista dos Raimundos, entre outros.
Um destaque fica para o depoimento de Champignon, gravado 1 semana antes do suicídio do baixista que que ficou muito abalado após a morte do vocalista do Charlie Brown.
Entre vícios e virtudes de Chorão, o filme acerta no tom principalmente em mostrar de forma fiel o quão controverso era o músico sem pesar a mão para endeusá-lo ou para demonizar o artista. O músico é visto de forma humana com acertos e falhas de forma intensa.
Tão intensa que a triste relação do artista com as drogas e a sua morte prematura em 2013 vítima de overdose de cocaína não foi deixada de lado.
A montagem do longa acerta ao ser objetiva e inserir canções, depoimentos e bastidores com precisão e objetividade assim como os acordes do Hardcore.
Chorão era um artista que sem ser erudito era popular e completo pois sabia falar a linguagem e os anseios da sua geração com a sua habilidade de fazer histórias tristes virarem melodia. Ele é a última personificação do rockstar dos últimos anos com o diferencial de saber falar com o público da periferia e da elite em suas canções. Fazia questão de dizer que seu “marginal alado” tatuado em seus braços simbolizava sua origem à margem da sociedade e que sempre tentava fazer o bem e ajudar aqueles que talvez não tiveram a mesma sorte que ele na vida.
Viveu intensamente seu sucesso e seu fracasso o tempo inteiro, como disse em sua canção foi livre para buscar seu lugar ao sol.
Se as músicas e a banda fizeram parte da história de uma geração que cresceu ouvindo e cantando os sucessos do Charlie Brown Jr. o documentário entrega de presente aos fãs uma homenagem justa de um personagem humano que viveu intensamente sua trajetória e que não merece ser esquecido.
Chorão: Marginal Alado já está disponível nos cinemas e plataformas digitais de aluguel (NOW, Google Play, Apple TV, Vivo Play, Looke e YouTube).