Como um bom jogo de tabuleiro entre amigos, ‘A Noite do Jogo’ é diversão garantida

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As duas mentes por trás de filmes como ‘Quero Matar Meu Chefe’ (2011), ‘Férias Frustradas’ (2015) e até ‘Homem Aranha: De Volta Ao Lar’ (2017), retornam para as cadeiras de direção no segundo filme da carreira. Marcados tanto como roteiristas, quanto como atores, a dupla Goldstein e Daley tenta demonstrar talento como diretores, e com ‘A Noite do Jogo, fornece ao espectador uma comédia honesta e prazerosa.

Diferente do filme de 2015, aqui os dois trabalham em cima do texto de Mark Perez – conhecido pelas mediana comédias ‘Aprovados’ (2006) e ‘As Aventuras de Frank McKusly’ (2002). Mesmo sem o domínio total da obra, é aparente como os dois se relacionaram bem na montagem e na realização do filme. A construção narrativa é bem elaborada por Perez e é bem apresentada pelos dois, em meio a todos os clichês presentes numa história que é muito inspirada em outras parecidas, como ‘Se Beber Não Case’ (2009) e ‘Despedida de Solteiro em Las Vegas’ (2006), por exemplo. Mesmo cheio de personagens estereotipados e piadas previsíveis, Goldstein e Daley exploram muito uma direção mais “fora da caixa” e arriscam em diversas cenas com diferentes movimentos de câmera e takes bem explorados que coincidem com a narrativa, dando ainda mais dinamismo, parecido com o ocorrido em ‘Quero Matar Meu Chefe’ – no caso, dirigido por Sean Anders.

O foco mesmo fica na história. Bem clássica e nada original, a diversão e o humor têm um equilíbrio entre o físico e o textual, com bons timings e reviravoltas que prendem ainda mais a atenção do espectador. Mesmo previsível, as soluções são divertidas e críveis dentro da proposta entregue.

 

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Ao explorar em movimentos, os dois trazem – duas ou três vezes – uma fotografia mais aberta, simulando um ambiente de tabuleiro, o que transforma a cena, visualmente, muito interessante, apesar de não acrescentar muito no decorrer da trama. A qualidade também está na escolha de trazer takes com o foco em específicos pontos do ambiente, deixando o fundo do local todo desfocado, transportando o foco do espectador à história, e o fazendo não pensar nas coisas externas. Essa conduta facilita muito na hora do espectador esquecer as inconsistências de roteiro e se divertir. Aliás, isso aparenta ser o principal objetivo da dupla, e o melhor, eles entregam.

A diversão é absorvida pelo espectador devido a Jason Bateman e Rachel McAdams, que nitidamente se divertem em tela, estando bem mais soltos, mas ainda assim dentro do personagem. Enquanto a filmografia de Bateman explora muito do gênero, McAdams varia mais entre o drama e o romance, tendo a comédia como uma certa fuga de temas mais pesados ou melosos – tanto que a última comédia em essência com a atriz no elenco foi ‘Penetras Bons de Bico’, há 13 anos. A união dos cineastas agrega muito para a produção, que claramente escolheu a dedo, já que McAdams tem um timing muito bom, além da boa atuação, enquanto Bateman, encontrou o estilo de personagem que encaixa em sua atuação. Nesse estilo de produção, os dois já geram uma certa expectativa, enquanto a verdadeira surpresa ficou com Jesse Plemons. Bem caricato, seu personagem pedia uma dose certa de atuação, que foi entregue de forma admirável, com todos os trejeitos e esquisitice que sua persona clamava.

Da mesma forma que ‘Quero Matar Meu Chefe’ não entrega uma obra primorosa, ‘A Noite do Jogo’ foca em andar o maior número de casas possível e atingir o objetivo: a diversão. Por mais bobas e infantis que as piadas parecem ser, ‘A Noite do Jogo’ passa um sentimento de leveza e de uma diversão passageira, como uma deliciosa noite de jogos, com amigos e muita risada.

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