Um dos longas mais aguardados do ano é “Duna”, dirigido por Denis Villeneuve e adaptado da obra do escritor Frank Herbert, que chega aos cinemas brasileiros no dia 21 de outubro. Essa espera vem de dois tipos de público: os fãs da famosa saga de livros e os fãs do gênero de ficção científica no cinema. E o novo filme tem qualidade suficiente para agradar os diferentes espectadores trazendo um filme majestoso e enredo detalhado.
O filme se passa em um futuro distante, onde planetas são comandados por casas nobres que fazem parte de um império intergalático. Paul Atreides (Timothée Chalamet) é um jovem cuja família toma controle do planeta deserto Arrakis, também conhecido como Duna. Sendo a única fonte de uma especiaria valiosa que permite longas viagens entre os mundos, Arrakis prova ser um planeta nem um pouco fácil de governar, por ser sempre ameaçado por outras casas que têm interesses políticos e econômicos pela região.
A história de “Duna” no cinema sempre foi algo polêmico, onde já houve tentativas de adaptações como o filme que nunca aconteceu de Alejandro Jodorowsky, e o filme que realmente aconteceu de 1984, dirigido por David Lynch, que causa opiniões mistas até os dias de hoje. Pois uma das principais questões é como o filme ficou pouco explorado, já que a saga de livros de Frank Herbert é vista como extensa e complexa.
E a versão nova comandada por Denis Villeneuve traz um enredo com mais liberdade por criar uma história de forma calma e totalmente aprofundada. É um filme que tem como propósito introduzir o universo, apresentar os seus personagens, a história de Arrakis, os contextos políticos e sociais dos diferentes povos.
Logo no início do filme, o título apresentado é “Duna: Parte Um”, dando a entender que se trata da primeira parte de uma sequência. Dessa forma, é um filme que não tem final, o que pode causar um incômodo em algumas pessoas que quando sentem que a ação vai começar para valer, o filme acaba. Mas para outros que estão familiarizados com a história de Duna, entende como o filme é detalhado e que não caberia contar tudo em apenas um longa-metragem sem perder informações importantes.
Mas vale ressaltar que até o momento a Warner Bros. não confirmou oficialmente a sequência de “Duna”, que é totalmente necessária para contextualizar tudo que foi apresentado nesta primeira parte. E que além disso, seria até sem noção não continuarem a história após um filme tão bem estruturado.
Denis Villeneuve é conhecido por manter sua identidade nos filmes que dirige, como por exemplo: “Blade Runner 2049” (2017), “Incêndios” (2010) e “A Chegada” (2016). Pois ele cria uma estrutura visual detalhista em conjunto com uma narrativa coesa e linear, onde seu cinema vira realmente uma experiência.
Em “Duna” vemos claramente o seu estilo cinematográfico em um nível grandioso, onde adaptar uma obra tão complexa como essa, exige um roteiro que saiba trabalhar ideias funcionais para o público leigo e de fãs. Onde mesmo em muitos momentos cometendo deslizes ao apresentar temáticas da história, não interfere no contexto geral apresentado.
Vale ressaltar o elenco estelar do filme que inclui Timothée Chalamet, Oscar Isaac, Jason Momoa, Josh Brolin, Rebecca Ferguson, Javier Bardem, Zendaya, Stellan Skarsgård e Dave Bautista. Todos os atores estão em sintonia com a proposta, onde cada um tem personalidades exploradas, mesmo com alguns tendo menos tempo de tela.
O protagonista Timothée Chalamet como Paul Atreides, entrega um personagem jovial, que passa por conflito de ideias e que vai ao longo do filme amadurecendo. Chalamet consegue trabalhar diferentes nuances, que são amplificadas ao dividir cena com a atriz Rebecca Ferguson, que faz a mãe de Paul, a Lady Jessica. Ferguson tem uma importância enorme para a história e a personagem ganha muito destaque, principalmente, nas performances mais emocionais.
Já o ator Oscar Isaac como duque Leto Atreides é perfeito, pois ele já tem uma postura potente, o que cai muito bem para esse contraste de um personagem pai e líder. O mesmo para o ator Jason Momoa como Mestre das Espadas da Casa Atreides, Duncan Idaho, que com a simpatia e talento do ator, consegue transitar cenas cômicas, mas sem perder a seriedade, onde é também uma figura paterna para o Paul.
A parte técnica de “Duna” é impecável. O trabalho de trilha sonora composta por ninguém menos que Hans Zimmer, consegue dar toda a atmosfera do filme. Além disso, o trabalho da edição e mixagem de som, principalmente, como retratam a sonorização das “Vozes” no filme é espetacular.
A direção de fotografia feita por Greig Fraser é algo majestoso, muitas são as cenas contemplativas de paisagens lindíssimas, o que dão o tom para o filme. Principalmente, conseguindo enfatizar através de imagens o poder e magia de Arrakis. Tudo isso com uma direção de arte, figurino e maquiagem que conseguem mostrar que existe uma preocupação com cada detalhe apresentado em cena. Onde só deixa a desejar em alguns momentos dos efeitos visuais em cenas de plano aberto, que poderiam ter sido mais bem finalizadas.
Por fim, o longa é um filme visivelmente grandioso, uma experiência cinematográfica que merece ser vista em uma telona de cinema, para conseguir captar o poder de imagem e som que proporciona. “Duna” é uma história que pede um trabalho minucioso e complexo, e felizmente, Denis Villeneuve foi a escolha perfeita para esse feito. Mesmo com alguns tropeços de roteiro e de efeitos, é um filme magistral, que pode se tornar uma franquia de grande sucesso e qualidade no cinema.