Falta de maturidade prejudica o potencial de ‘Os Meninos Que Enganavam Nazistas’

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O clássico ditado “o livro é mil vezes melhor que o filme” volta a perdurar em meio a conversas cinéfilas quando o assunto é a adaptação do livro do francês Joseph Joffo, traduzido por Fernando Scheibe. Christian Duguay volta a Segunda Grande Guerra, após o fraco telefilme ‘Hitler’ (2003) e demonstra, aos poucos, a fraca exploração que fez da luta emocionante de Joseph e seu irmão.

Não é preciso ler o livro para perceber, conforme a entrada de personagens e o decorrer da história, que Duguay não soube aproveitar todo o material que tinha. Ter uma história comprida e incrível em mãos não deve ser fácil de adaptar aos cinemas, mas é preciso aproveitar toda a essência e apresentar uma história bem elaborada, mesmo com os sacrifícios necessários. Aqui, Duguay parece ter pego a essência, mas errou em querer contar tudo, e enquanto em outras situações acreditamos que isso é o certo, pode ser que estejamos cometendo um ledo engano.

Ler um livro e torcer para que todo aquele material – que o leitor o enxerga como perfeito – é normal de um fã de determinada obra, mas sabemos a dificuldade de transportar algo do imaginário de cada um, para a tela de cinema, em momentos é preciso certo sacrifício. Duguay consegue sim transportar a emocionante batalha diária dos jovens judeus em uma França devastada, mas peca em querer apresentar muita coisa e não desenvolver um terço delas.

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Tendo uma filmografia não tão forte, sendo ‘A Ilha – Prisão Sem Grades’ (2007) o seu filme mais reconhecido, Duguay não demonstra evolução e traz uma direção padrão, não explorando nada novo, mas também não faz um péssimo trabalho, tentando explorar os jovens atores franceses, chegando a fracassar, certas vezes. A vantagem fica para o elenco de apoio, que consegue dar uma força maior para o ambiente e a situação, apesar de não ser maduro o suficiente quando precisa.

O cinema já explorou diversas vezes o tema da Segunda Guerra, inclusive do ponto de vista de crianças, como o clássico ‘A Vida É Bela’ (1997) e a adaptação ‘O Menino do Pijama Listrado’ (2008), mas sem esquecer do sofrimento e do inferno que foi viver esta época. Nesses e outros filmes que temos a guerra pelo ponto de visto de crianças, existe uma amenizada, mas sem deixar de lado cenas fortes, para justamente demonstrar a cruel realidade da época. Em ‘Os Meninos Que Enganavam Nazistas’, Duguay escolheu explorar muito mais a inocência e quando teve a oportunidade de mostrar um filme maduro, não toma coragem.

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Como se não bastasse a fraqueza na direção, o roteiro introduz um novo personagem a cada cinco minutos, e que para a história dos meninos tem importância, só que toda a exploração e o desenvolvimento desses personagens, Duguay deixou no livro e muitos dos que são introduzidos, simplesmente aparecem e desaparecem, deixando pontas soltas e dúvidas.

O clima do longa é outro ponto negativo para Duguay, que inicia o filme com um clima de parceria dos irmãos e termina com um clima paternal não muito explorado anteriormente, além de misturar muito humor e drama em níveis distintos, deixando parecer vários filmes diferentes em um só. A presença de inúmeros personagens também ajuda a trazer essa sensação.

‘Os Meninos Que Enganavam Nazistas’ poderia ter me deixado aos prantos e emocionado com a linda história dos irmãos, mas o que me restou foi raiva e frustração, por enxergar um grande potencial, mas mal executado. Em nenhum momento, Duguay transmite a sensação de perigo e mesmo que os personagens estejam em uma situação complicada, você sabe que tudo estará bem.

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É comum que o mesmo aconteça em outros filmes, mas aqui, a direção não explora os recursos técnicos que possui, como uma fotografia mais escura ou uma música que deixe a situação tensa. O clima leve é constante, e quando algo vai dar certo é muito nítido e quando alguma coisa da errada, torna-se muito previsível.

Joseph Joffo tem uma história linda, emocionante e também dolorosa, mas caso queira conhece-la, fique com o livro.

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