O cinema sul-coreano sempre foi rico em produções de qualidade, mas foi mais recentemente que essa indústria tem conseguido quebrar as barreiras levantadas por Hollywood e alcançar novos públicos internacionais. Aqui no Brasil, as distribuidoras têm investido nesse cinema e só no mês de novembro, além do filme “A Maldição”, temos também o lançamento de “Ligação Explosiva” e “Força Bruta”, chegando essa semana nos cinemas, provando que a qualidade sul-coreana não está somente no terror, gênero pela qual é mais conhecida.
“Força Bruta” é a sequência do filme “Os Fora da Lei” lançado em 2017, que conta a história do policial Ma Seok-do (Ma Dong-seok) que tem que deter uma guerra entre gangues sul-coreanas e a máfia chinesa, mas se você não assistiu ao primeiro filme, não se preocupe. Apesar de ainda ser a história de Ma Seok-do, é perfeitamente possível entender – e aproveitar – toda a trama e os personagens. Dirigido por Sang-yong Lee, “Força Bruta” é um exemplo de como fazer um filme policial com maestria, se utilizando de um fator que fez toda a diferença: a falta de armas de fogo. É difícil pensar numa perseguição policial e numa guerra de mercenários sem uma pistola e os já conhecidos sons de tiros e talvez seja pouco realista que esses bandidos optem por um facão como substituto, mas o resultado é incontestável.
Ma Seok-do é um policial durão e teimoso, mas de bom coração e boas intenções. Ele é um personagem cativante desde o começo, trazendo um equilíbrio entre a fachada de policial implacável com uma certa dose de doçura que escapa nos momentos mais necessários. Muitas vezes Ma passa a sensação de estar muito próximo de ser um super-herói, com o tanto de lutas físicas que ele passa (quase) ileso, mas sua postura suas habilidades de autodefesa convencem fácil de que estamos assistindo a um cara que simplesmente é bom de briga.
É quando Ma tem que ir ao Vietnã para extraditar um fugitivo sul-coreano que essas suas habilidades são realmente colocadas à prova. Lá, ele fica sabendo de uma complicada trama internacional envolvendo criminosos internacionais que atacam turistas e um desses ataques leva a uma luta entre os criminosos. É especialmente interessante que até mesmo os vilões sejam personagens cativantes, na medida do possível, é claro, transformando o que poderia ser apenas mais um filme de perseguição e jogo de gato e rato em um espetáculo de ação.
A direção, juntamente com a mixagem de som e as excelentes coreografias de luta fazem um ótimo trabalho de imersão e fica difícil desviar seu olhar da tela nem que por apenas segundos. Apesar da postura – e tamanho – de super-herói, o comportamento de Ma é mundano, ele é impressionante e talvez até saiba disso, mas isso nunca lhe dá um ar de arrogância, pelo contrário, seu comportamento deixa claro que, para ela, aquilo é só um trabalho e ele vai entregar o que se espera dele. Esse ar meio simplório contrasta perfeitamente com o ar atrapalhado tanto de seu antagonista Kang e até seus parceiros da polícia, a dinâmica é engraçada e divertida quando precisa, sem nunca distrair da ação que é, sem dúvidas, a grande força do filme.