O último dos vingadores originais a conseguir uma produção com o próprio nome foi Clint Barton, a.k.a. Gavião Arqueiro, e certamente muitos, como quem vos escreve, pensaram que era só mais uma série para encher a linguiça do universo cinematográfico da Marvel. Mas ao contrário do recente “Viúva Negra” e até mesmo “Falcão e o Soldado Invernal”, que apostaram em reafirmar heróis já estabelecidos, “Gavião Arqueiro” vai em frente com a história de Clint Barton, assim como o excelente “WandaVision” e o razoável “Loki”, o que é uma flechada certeira para o estúdio de Kevin Feige. O “problema”, talvez, é que o Gavião Arqueiro mesmo é completamente apagado do seu próprio seriado para dar espaço a sua futura substituta: Kate Bishop, com uma incrível atuação de Hailee Steinfeld.
Sem um passado dramático a ser desnecessariamente explorado como a apresentação da “nova” Viúva Negra Yelana Belova, e nem mesmo um cansativo discurso político para estabelecer Sam Wilson como Capitão América, Kate Bishop chega ao MCU com força de vontade para fazer o bem sem choramingar. Característica do seriado que nos faz esquecer completamente a pouca relevância que o próprio Clint tem na produção que leva o seu nome, nos prendendo completamente na divertida e emocionante jornada de Kate.
O inteligente roteiro, por si só, já é suficiente para conquistar qualquer espectador, até mesmo os menos entusiastas da Marvel, mas a incrível história é agraciada com Hailee Steinfeld (da franquia “A Escolha Perfeita” e do seriado Dickinson), que se revela um verdadeiro talento para ação cômica. Um outro grande nome do seriado é Vera Farmiga (do seriado Bates Motel e da franquia Invocação do Mal), que interpreta uma mãe, aparentemente sonsa, com o estilo marcante da atriz.
Mas não se engane, apesar da baixa relevância do vingador paizão, Jeremy Renner tem muito tempo de tela. Tempo que o ator veterano do estúdio aproveita muito bem para ser um tutor muito mais paternal (e melhor) do que o Tony Stark foi para o Homem-Aranha. Ainda em forma para as cenas de muita ação, e agora com mais tempo para momentos cômicos, Renner mostra uma versatilidade até então vista somente em “A Trapaça” e “Te Peguei”.
Além de uma boa história e um bom elenco, vale ressaltar que que essa é a segunda produção do MCU ambientada no Natal, mas assim como o seu predecessor “Homem de Ferro 3”, o Natal é só um plano de fundo mesmo. Plano de fundo, porém, que permite um belíssimo aproveitamento da fotografia de uma New York natalina, com um constante aproveitamento do contraste da noite com as decorações de natal para o desenvolvimento de belas sequências.
Faltando poucos dias para o lançamento do esperado “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa”, “Gavião Arqueiro” não se apresenta somente como uma boa forma de segurar a ansiedade, mas como uma das boas histórias do MCU, apostando na bondade genuína e na ação leve para apresentar uma personagem que, certamente, terá um futuro muito promissor nas próximas produções.