Uma produção simples com direção do polonês Pawel Pawlikowski (também assina o roteiro) que após dez anos desde o seu primeiro filme “Meu Amor de Verão” (em 2011 ele dirigiu “Estranha Obsessão”, que não foi tão bem quanto o seu precursor), realiza mais um longa que consegue mostrar sua competência de escrever e dirigir. A esplenderosa fotografia em preto-e-branco ficou por conta do estreante Likasz Zal e Ryszard Lenczewski (que já havia trabalhado com Pawel em “Meu Amor de Verão”) é a atração principal, vindo seguido do bom roteiro, da atuação da estreante Agata Trzebuchowska e de todo o restante que parte de um drama ingênuo e segue adiante como um excelente filme.
“Ida” pode ser considerado um retrato singelo sobre os massacres ocorridos por causa da provocação pela ocupação Nazi na Polônia. A Polônia foi um dos países mais devastados da Europa durante a Segunda Guerra onde mais de seis milhões de poloneses morreram. Metade deles era judeu. Contudo, a comovente história pós Guerra faz com que a personagem-título tenha de escolher entre a religião na qual foi educada (e salva do massacre) e encarar o passado que desconhece onde na verdade de sua origem que é judaica.
Na Polônia, existe uma cidade chamada Lódz que é considerada a segunda maior do país, esta cidade foi uma das que serviu de locação para o longa. Lódz é conhecida pelo impacto do povo judeu que morreu no gueto. Hoje existe um cemitério muito visitado por turistas e é também considerado o maior cemitério judaico da Europa, contendo mais de cento e oitenta mil sepulturas. O Holocausto na Polônia iniciou-se na década de 1940 onde guetos e sinagogas eram destruídos. Especificamente em 1941, campos de concentração foram construídos para matar os judeus na cidade de Lublin (não foi filmada nenhuma cena lá). Mas, ao invés do diretor explorar os detalhes dos horrores ocorridos naquela época (poderia fazer em flahs-backs), prefere levar por um lado mais delicado onde foca a busca pela origem da protagonista.
Às vésperas da maior premiação do cinema, o Oscar, “Ida” parece ter garantido seu lugar na lista dos indicados a Melhor Filme Estrangeiro, que possivelmente concorrerá com filmes de peso como o russo “Leviatã” ou o sueco “Força Maior”. Se estes forem os filmes indicados, será uma difícil disputa em 2015. O que nos resta é esperar. Além disso, recebeu o prêmio de Melhor Filme Europeu na 27° edição do European Film Awards e levou ainda mais três de Melhor Diretor, Roteiro e o People’s Choice votada pelo público como Melhor Filme Europeu.
Mas em todo o caso, o longa é inspirado no Holocausto ocorrido naquela época e se torna uma obra sensível produzida e conduzida com maestria por um diretor que injetou um pouco de sua história pessoal (filho de pai judeu e mãe católica). Com uma narrativa que não tem arrodeios e vai direto ao ponto sem deixar o espectador entediado, sem sentimentalismo barato, nem apelativo. Isso é o que o torna interessante, pois é um drama seguro, o que o torna grande e nobre ao mesmo tempo. É um belo filme e merece sim, ser conferido.
Trailer do filme:
https://www.youtube.com/watch?v=oXhCaVqB0x0