IMPÉRIO DA LUZ | SAM MENDES ENTREGA FILME SENSÍVEL, MAS COM NARRATIVA RASA

Escrito e dirigido por Sam Mendes (‘1917’ e ‘Skyfall’), o romance dramático “Império da Luz”, chega ao streaming Star+ nesta quarta-feira, dia 26 de abril. O filme é protagonizado por Olivia Colman e Michael Ward, além da participação do grande ator Colin Firth.

O longa conta a história de Hilary (Olivia Colman), que trabalha como gerente em um cinema bem tradicional situado em uma cidade litorânea inglesa no início dos anos 1980. Seu cotidiano é impactado com a chegada do novo funcionário Stephen (Micheal Ward), com quem ela cria uma conexão forte.

“Império da Luz” é uma carta de amor de Sam Mendes para o cinema. É interessante que o diretor utiliza o ambiente de comercialização de filmes mostrando o funcionamento da venda de ingressos, o horário das sessões, a venda de pipoca, e até como é feita o manuseio dos rolos de filmes.

Além disso, o longa também foca nas relações humanas ao construir o romance entre Hilary, uma mulher branca de meia idade, e Stephen, um jovem negro. Com essa conexão entre os personagens desencadeia algumas discussões, como a maturidade, racismo e saúde mental.

O roteiro consegue abordar essa questões durante o primeiro ato, onde situações sutis acontecem entre eles, que ajuda a construir a ideia de apresentar essas temáticas sociais. Mas percebe-se um problema narrativo do meio ao final do filme que tenta agarrar todas essas situações e não consegue se aprofundar em nada.

A personagem Hilary é o centro que conecta todas essas ideias que o longa quer abordar, mas é problemático como a própria história da protagonista fica ofuscada e pouco explorada, principalmente sobre sua saúde mental que não é aprofundada e suas crises naturalizadas erroneamente pelo enredo.

O filme acerta na escolha de elenco que tem uma grande química. Sendo mais uma prova de como Sam Mendes sabe dirigir seus atores e fazê-los dominarem toda a composição da cena.

A atriz Olivia Colman entrega uma personagem cheia de camadas, criando mistério e potência em suas ações. Ela brilha, principalmente, em momentos dramáticos que hipnotizam qualquer espectador.

O olhar do diretor de fotografia, Roger Deakins, é outro acerto do filme. A junção estética das cores, a escolha dos planos e ângulos dão o tom sensível e forte que a narrativa necessita.

Por fim, o diretor Sam Mendes entrega um filme bonito, mas que carrega problemas de roteiro. Ele tenta abordar diversos assuntos relevantes para o momento atual, mas se perde em não decidir qual caminho seguir, dando a impressão que seu objetivo era criar um “filme da moda”, para conseguir mais visibilidade nos festivais e premiações cinematográficas.

Por conta disso, o diretor desperdiça seu potencial e seu grande elenco ao entregar um projeto mediano e que está longe de superar suas produções anteriores que tinham muito mais identidade.

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