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‘Seja ousado. Seja corajoso. Seja épico’.

O estúdio de animações em stop-motion Laika é conhecido por belos filmes como ‘Coraline’ e ‘Paranorman’. Esta semana, seu mais novo projeto, chamado ‘Kubo e as Cordas Mágicas’ chega ao cinema nacional com grandes expectativas de sucesso, pois arrancou vários elogios da crítica internacional especializada. O filme conta a história do jovem Kubo (Art Parkinson, o Rickon de Game of Thrones), que fugiu juntamente com sua mãe para bem longe do avô malvado (Ralph Fiennes), se isolando em busca de segurança em uma caverna na praia. Mas conforme o tempo passa, Kubo precisa cada vez mais cuidar da sua mãe, que bateu a cabeça e ficou bastante debilitada. Então todos os dias ele anda até um vilarejo e ganha dinheiro contando incríveis histórias (na verdade apenas uma que sua mãe lhe ensinou, mas com algumas variações feitas por ele) para a população, mas com a condição de que volte para casa antes do anoitecer, para que seu avô não lhe encontre.

Dirigido por Travis Knight, CEO da Laika, ‘Kubo’ pode ser um filme que fala sobre preservar as lembranças sem se esquecer de quem é, também pode ser como uma criança lida com a perda de um ente querido, mas essencialmente é uma história de amor entre mãe e filho e de amadurecimento. Isso é de extrema importância, pois agrega uma camada emocional enorme à história (que vai atingir a cada espectador de uma forma diferente, é claro), fazendo desta forma o público se importar mais com ambos os personagens. E para a trama não ficar monótona, há vários monstros e elementos fantásticos que contribuem para um equilíbrio perfeito entre aventura e emoção. Conforme a história vai avançando, os obstáculos vão aumentando e surgem novos personagens, alguns aliados e outros nem tanto. Mas o que conquista mesmo em ‘Kubo’ não é a originalidade da história (até porque ela é bastante previsível), mas a forma tão bela como ela vai sendo contada.

‘Kubo’ carrega muito da ‘áurea’ oriental – ok, isso não é novidade já que a história se passa no Japão – mas traz consigo uma familiaridade muito grande com as animações ocidentais. Não apenas pelo elenco principal, que conta com Charlize Theron, Matthew McConaughey e Rooney Mara, mas pela estrutura da trama, seus pontos de virada, pelo tipo de humor bem característico em todas as animações as quais já estamos acostumados e etc. A grosso modo, há um equilíbrio bem interessante, como uma mistura de ‘Mulan’ (em termos de estrutura, três atos bastante claros) e ‘A Viagem de Chihiro’ (levando para o lado mais ‘fantástico’ das tradições orientais). Lembrando que as cordas mágicas que dão nome ao filme são as do violão mágico (shamisen, no Japão) pelo qual Kubo conta suas histórias e vai descobrindo a manipular seus poderes. Esse é outro ponto muito positivo, pois juntamente dos ricos detalhes de armaduras, vestimentas do povo do vilarejo e do próprio universo onte a trama se passa, agregam a história muito mais valor cultural e enchem os olhos do espectador com um visual impressionante. Sendo assim, se há certa familiaridade com a trama, o filme compensa o público com abundância de recursos visualmente atrativos, como a forma que o vento toca as folhas, o cabelo dos personagens, a água do mare o reflexo dos personagens nela e muito mais.

Não há dúvidas de que ‘Kubo’ é uma das mais belas animações do ano e é um filme imperdível para amantes de um cinema que consegue equilibrar muito bem arte com diversão. Recomendado para todas as idades pois é visualmente impressionante, emocionalmente bastante comovente, com uma trilha sonora belíssima e muito relevante, já que de certa forma se propõe a ‘mostrar’ ao público do ocidente mais sobre a bela e riquíssima cultura oriental. E é legal também porque – embora um tanto melancólico – é prazeroso ver um trabalho feito com tanta dedicação no qual podemos sentir a ‘alma’ transbordando de dentro do projeto. Em tempos de inúmeros remakes, incontáveis filmes de super-heróis, ‘Kubo e as Cordas Mágicas’ se destaca por passar uma humanidade e riqueza de significados cada vez mais difícil de se ver por aí.

Um momento apimentado: O confronto entre Kubo e seus amigos contra o esqueleto gigante de espadas na cabeça.




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