François Damiens interpreta Philippe Mars, um engenheiro que trabalha há 20 anos na mesma empresa e não possui qualquer expectativa de mudança. Ele é o tipo de pessoa que acredita que “se cada um fizer sua parte, o mundo será um lugar melhor”. Mars tenta agradar a todos que estão ao seu redor, lutando diariamente para manter sua vida equilibrada e completamente normal, porém o mundo parece desafia-lo a rever todos os seus conceitos quando diversas situações extremas passam a acontecer em sua vida: seu filho mais novo vira um vegetariano xiita e é vítima de uma ninfomaníaca de sua sala de aula; sua filha é viciada em estudos e vê o pai como um perdedor; seu colega de trabalho completamente pirado quase o assassina no trabalho e – não mais que de repente – passa a morar em sua casa; sua irmã faz pinturas suas e dos pais completamente nus e obriga Mars a aceitar ficar com seu cachorrinho enquanto viaja.
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Enquanto o protagonista engole todo tipo de desaforo é o espectador que fica irritado e cansado dessa longa jornada de passividade. Nesta comédia, é fácil se sentir alienado como o Sr. Mars, principalmente sobre qual o propósito de todo esse filme. A direção de Dominik Moll parece ser executada seguindo apenas o básico, refletindo nos enquadramentos a mesmice da vida do protagonista, enquadrando a cozinha pequena do apartamento de Mars como se o local estivesse prestes a explodir e seu escritório como uma jaula para psicopatas de todos os níveis. As poucas locações do filme ilustram perfeitamente a limitação de Mars.
Philippe começa a ver, em alguns momentos de tensão, os pais já falecidos que surgem diretamente do além para lhe dar conselhos e matar a saudade do filho. A visita dessas duas figuras permanece sem qualquer explicação plausível: sonho ou realidade?; e no final, o casal de falecidos ainda provoca um deus ex machina tão absurdo que só nos resta concordar com toda essa loucura em prol da conclusão da história.
Jérôme, ex-colega de trabalho de Mars que passa a morar em seu apartamento por um tempo aparentemente ilimitado, é interpretado por Vincent Macaigne, que consegue dar ao filme seu tom de comédia através de seus ataques de raiva e tentativas sucessivas em desenvolver uma vida normal ao lado de sua paixão (uma mulher que ele conhecera na clínica psiquiátrica que tem fobia ao toque físico de qualquer pessoa). São apenas nos detalhes que o filme parece ter algum desenvolvimento, as questões colocadas no roteiro buscam enfatizar a loucura do cotidiano, presente principalmente nas pessoas que aparentam ser completamente “normais”. Philippe Mars é um homem numa jaula, com medo de dar o primeiro passo para fora da zona de conforto.
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Não há nada de inovador em “Más notícias Para o Sr. Mars”, é um filme europeu simples e rápido que busca dialogar sobre vida e morte utilizando de situações banais e levemente cômicas, talvez seu maior trunfo esteja nas interpretações.