MEU PAI | ANTHONY HOPKINS EMOCIONA NO MELHOR PAPEL DE SUA CARREIRA







Anthony Hopkins ganhou o Oscar de melhor ator em 1992 por seu papel como Hannibal Lecter em “Silêncio dos Inocentes” e já foi indicado outras 5 vezes, contando com sua indicação desse ano, mas sua interpretação em Meu Pai é diferente, e talvez até mesmo superior, à todas que a antecederam. 

No drama “Meu Pai”, Hopkins faz o papel de Anthony (seu xará e não por acaso, mas falaremos sobre isso logo, logo), um idoso de 81 anos que sofre de demência e vê sua mente se deteriorar diante de seus olhos, mas o mais impressionante em “Meu Pai”, é que Anthony nos leva junto com ele nessa triste, mas emocionante, jornada.



A trama se passa – quase toda – dentro de um flat em Londres que pode ser considerado um personagem por si só. Logo no começo somos apresentados à personagem de Olivia Colman, também um talento incontestável e filha de Anthony, que parece estar visitando o pai em sua casa, mas depois dessa interação, que à primeira vista é completamente normal, nossa mente começa a ser desafiada. A filha, que antes era Olivia Colman, de repente é substituída pela atriz Olivia Williams, causando confusão não só para Anthony, mas para o espectador. Outros detalhes começam a mudar também, alguns pequenos como a cor de uma parede e a roupa dos personagens, outros muito mais gritantes como o parceiro de sua filha que também alterna entre dois atores. Pouco tempo depois já fica impossível dizer o que aconteceu realmente ou a cronologia dos acontecimentos.

Poucos filmes têm a capacidade de imersão de “Meu Pai”, que transmite não só a confusão, mas todas as angústias, desconfianças e desespero de Anthony, fazendo com que o longa seja inquietante e por vezes desconfortável, mas da forma mais honesta e com tanta compaixão quanto possível.



O responsável por esse quebra-cabeça tão bem retratado é Florian Zeller, que fez sua estreia no cinema com o filme, mas é velho conhecido da trama. “Meu Pai” é uma adaptação da peça teatral de mesmo nome escrita por Zeller. Originalmente francesa, a peça marcou presença também em Nova York e Londres, tendo sido traduzida para o inglês por Christopher Hampton, que também colaborou com o roteiro. Ainda mais íntima é a relação de Zeller com Anthony, personagem que foi inspirado em sua própria avó, que começou a sentir os sintomas da demência quando Zeller era ainda um adolescente. 

Como já mencionado, Hopkins compartilhar o nome com o protagonista não é por acaso. Na peça, o pai se chamava André, mas Zeller queria tanto que na adaptação para o cinema o pai fosse interpretado por Anthony Hopkins que renomeou o personagem em sua homenagem na tentativa de chamar sua atenção – e funcionou. Além do nome, os “Anthonys” compartilham também a data de nascimento. 








A impressão que fica é que Anthony Hopkins é mesmo o Anthony do filme, tamanha a qualidade de sua interpretação. Anthony é um idoso confuso, mas também é um homem teimoso, orgulhoso e, quando quer, charmoso. Hopkins faz tudo isso com maestria, utilizando-se não só da expressão facial, que sempre foi seu forte, mas de todo seu corpo para nos fazer sentir como Anthony. Seu ápice é na cena final, onde ao mesmo tempo em que grande parte da trama se resolve na nossa cabeça, o idoso perde ainda mais de sua essência e de sua lucidez. Impossível não se emocionar ou segurar as lágrimas diante da performance de Hopkins.

“Meu Pai” garantiu 6 indicações ao Oscar desse ano (você pode ver a lista completa de indicados aqui), incluindo Melhor Ator para Anthony Hopkins, Melhor Atriz Coadjuvante para Olivia Colman e Melhor Filme, todas absolutamente merecidas, consagrando o filme como um dos melhores da temporada, com toda razão. 

O filme chega aos cinemas e às plataformas digitais a partir de 8 de abril.

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