Televisão, jornalismo, criminalidade e ambição são temas que, se bem alinhados, costumam render no cinema trabalhos, no mínimo, interessantes. Em “Rede de Intrigas” (1976), o mestre diretor Sidney Lumet levantou a ideia, de forma cínica e satírica, de que os executivos e responsáveis pela televisão teriam, de alguma forma, responsabilidades que excedem os limites de seus estúdios e invadem as casas de milhões de espectadores todos os dias. Examinando o declínio qualitativo do jornalismo, no ano passado tivemos a comédia “O Âncora 2: Tudo Por um Furo” (de Adam McKay), uma excelente sátira que escancara os estereótipos jornalísticos e a necessidade de audiência, explorada através de matérias sensacionalistas ou simplesmente de caráter de entretenimento, muitas vezes extremamente irrelevantes.
Vencedor de Filme do Ano pelo AFI Awards, “O Abutre” é um thriller que mantém a tensão quase que ininterrupta durante toda a sua duração, onde Louis Bloom (Jake Gyllenhaal) é um jovem em busca de emprego que descobre o voraz e visceral mundo do jornalismo criminal em Los Angeles. Ao lado de seu jovem e desesperado assistente (Riz Ahmed), como basicamente um abutre ele fica ligado aos chamados e sirenes policiais, apenas aguardando pelo pior, como incêndios, assassinatos, acidentes e qualquer outra tragédia que possa render uma boa matéria.
Não é de hoje que eu elogio Jake Gyllenhaal como ator. Fato curioso é que Jake tinha 33 anos quando interpretou Lou Bloom, a mesma idade de Robert de Niro quando trouxe Travis Bickle à vida em “Taxi Driver” (1976). O tempo fez Jake amadurecer muito bem, e lhe trouxe grande equilíbrio entre um carisma estranhamente agradável e um ar misterioso de suspeita quanto ao caráter de seus personagens, como já vimos em “Os Suspeitos” (2013) e “O Homem Duplicado” (2013).
Vencedor de Filme do Ano pelo AFI Awards, “O Abutre” é um thriller que mantém a tensão quase que ininterrupta durante toda a sua duração, onde Louis Bloom (Jake Gyllenhaal) é um jovem em busca de emprego que descobre o voraz e visceral mundo do jornalismo criminal em Los Angeles. Ao lado de seu jovem e desesperado assistente (Riz Ahmed), como basicamente um abutre ele fica ligado aos chamados e sirenes policiais, apenas aguardando pelo pior, como incêndios, assassinatos, acidentes e qualquer outra tragédia que possa render uma boa matéria.
Não é de hoje que eu elogio Jake Gyllenhaal como ator. Fato curioso é que Jake tinha 33 anos quando interpretou Lou Bloom, a mesma idade de Robert de Niro quando trouxe Travis Bickle à vida em “Taxi Driver” (1976). O tempo fez Jake amadurecer muito bem, e lhe trouxe grande equilíbrio entre um carisma estranhamente agradável e um ar misterioso de suspeita quanto ao caráter de seus personagens, como já vimos em “Os Suspeitos” (2013) e “O Homem Duplicado” (2013).
O anti-herói aqui interpretado intensamente por Jake – que, na minha opinião, pode até ser indicado ao Oscar de Melhor Ator, embora eu pense que não tem “força” suficiente para vencer – é um personagem de olhos grandes, intimidadores e sedento para por as mãos em algo, rosto magro, aparência solitária e de fala confiante e objetiva. Um abutre mesmo. Embora eu tenha mencionado anteriormente o taxista alienado e mentalmente instável de De Niro, vejo mais diferenças do que semelhanças entre os dois personagens. Lou não parece estar realmente obcecado pela criminalidade e violência que acompanha vorazmente ou pela deterioração da sociedade que o acerca. Sua gana e estímulo “predatório” vêm de sua ambição e força de vontade de chegar ao sucesso, independentemente das circunstâncias.
Mas, o que faz “O Abutre” ser um grande filme e um dos melhores do ano, talvez alguém esteja se perguntando. Considero um grande filme porque tem muitas qualidades individuais, que somadas, são difíceis de serem ignoradas. Já elogiei a enorme atuação de Gyllenhaal, e o mesmo pode se dizer do assustado Riz Ahmed e da confiante Rene Russo. Estreante na direção, Dan Gilroy não é exatamente um novato. Roteirista de trabalhos como “Gigantes de Aço” (2011) e “O Legado Bourne” (2012), Gilroy usa a noite como sua aliada e explora este thriller/drama sobre crime da forma mais, na falta de palavra melhor, correta possível: a expressão das razões que movem o protagonista essencialmente através da violência (neste caso, gráfica), para despertar no espectador maior o impacto possível.
Mas, o que faz “O Abutre” ser um grande filme e um dos melhores do ano, talvez alguém esteja se perguntando. Considero um grande filme porque tem muitas qualidades individuais, que somadas, são difíceis de serem ignoradas. Já elogiei a enorme atuação de Gyllenhaal, e o mesmo pode se dizer do assustado Riz Ahmed e da confiante Rene Russo. Estreante na direção, Dan Gilroy não é exatamente um novato. Roteirista de trabalhos como “Gigantes de Aço” (2011) e “O Legado Bourne” (2012), Gilroy usa a noite como sua aliada e explora este thriller/drama sobre crime da forma mais, na falta de palavra melhor, correta possível: a expressão das razões que movem o protagonista essencialmente através da violência (neste caso, gráfica), para despertar no espectador maior o impacto possível.
Uma grande parceria ao lado do premiado Diretor de Fotografia Robert Elswit (vencedor do Oscar por “Sangue Negro”) e seus tons ousados e soturnos, para pintar um cenário da sociedade moderna e suas idiossincrasias, como o oportunismo da mídia na exploração do sofrimento humano em busca de audiência, a parcela de culpa da população pela demanda em obter informações da forma mais íntima, chocante e rápida possível e uma versão satírica do sonho empreendedor, de começar um negócio, obter resultados (dinheiro) rápidos e “chegar à frente” da concorrência a qualquer custo.
Mantendo o nervosismo e apreensão, que chegam ao clímax na aterradora cena da perseguição de carro entre abutre/polícia/bandido, o impacto do filme é competentemente assustador porque Lou pode tanto ser vítima da difícil situação econômica em que se encontra, como um sádico oportunista que ataca as pessoas em seus piores momentos, mais fragilizadas. Ambas as hipóteses são plausíveis. Um grande estudo de como a ambição, em alguns casos, é fundamental. Mas em paradoxo, uma mostra do que os seres humanos são capazes quando a busca pelo sucesso atropela os limites da consciência ética e moral. Assustador.Confira o trailer do filme:
https://www.youtube.com/watch?v=GSBjOblQCIc
Mantendo o nervosismo e apreensão, que chegam ao clímax na aterradora cena da perseguição de carro entre abutre/polícia/bandido, o impacto do filme é competentemente assustador porque Lou pode tanto ser vítima da difícil situação econômica em que se encontra, como um sádico oportunista que ataca as pessoas em seus piores momentos, mais fragilizadas. Ambas as hipóteses são plausíveis. Um grande estudo de como a ambição, em alguns casos, é fundamental. Mas em paradoxo, uma mostra do que os seres humanos são capazes quando a busca pelo sucesso atropela os limites da consciência ética e moral. Assustador.Confira o trailer do filme:
https://www.youtube.com/watch?v=GSBjOblQCIc