O Bom Gigante Amigo

Após longos anos sem flertar com seu principal gênero de domínio, aquilo que define um diretor, sua marca, muitas vezes por ocasião do sucesso ou cansaço, talvez até uma certa desconexão geracional, alguns homens do cinema perdem seu rumo e criam grandes fracassos homéricos. Este é o triste caminho desta escabrosa animação da Disney executada por um arquiteto do infanto-juvenil “blockbuster”, Steven Spielberg.

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Crédito: Divulgação

Adaptado do polêmico livro de Roald Dahl, ‘O Bom Gigante Amigo’ incomoda desde seus primeiros 10 minutos de projeção, ao contar a história da órfã Sophie (Rubi Barnhill), raptada a noite por um grandalhão de bom coração que ela vê caminhar sobre a noite londrina distribuindo sonhos, como um alquimista. O princípio de toda boa fábula é ter um mote que nos faça refletir sobre a realidade. Infelizmente nada acontece além dos excessos visuais que chegam a cansar os olhos de tanto CGI que não colabora com o roteiro, que também não existe.

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Ambos os personagens não têm passado, nem sequer soam como caricaturas, pois Spielberg quase não mantêm ninguém na tela a não ser a insossa Barnhill que não tem carisma nem experiência, pois Neel Sethi, o Mogli da produção anterior da turma do Mickey, nos convenceu o tempo todo de que não estava dialogando com uma tela verde, apesar de sua imaturidade no cinema. O mesmo nem de longe acontece aqui.

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Isto não é uma crítica ofensiva, pois a obra de Spielberg sempre primou por dar valor aos conflitos de seus personagens acima dos recursos técnicos, o que também é uma deficiência aqui, pois a beleza primorosa do mundo dos gigantes onde Sophie é transportada, a trilha genérica de John Willians e a falta de coesão narrativa nos oferece um filme cansativo e que tem uma falha que denuncia a desconexão da direção com o público, até uma piada de flatulência, algo impensável para quem conhece o diretor.

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Rebecca Hall quase não serve para nada no filme além de diálogos que uma semi-figurante daria conta, o que denuncia desperdício de elenco e orçamento. Não há um grande vilão para contraponto do tristonho ‘BFG’ (Mark Rylance), que faz um esforço enorme para dar alma a um ser sem tridimensionalidade. Apesar da técnica de “motion capture” ser eficiente, nada mais desqualifica este filme da posição de pior do ano até agora. Triste.




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