Vencedor do Urso de Prata em Berlim este ano (melhor direção) dentre diversos festivais. Dentre eles, venceu três troféus Mucuripe no Cine Ceará, nas categorias de melhor filme, ator e roteiro, que é também co-assinado pelo diretor Pablo Larraín (que dirige seu terceiro longa) que é centrado na psicologia dos personagens e na estética do tom da bela fotografia de Sergio Armstrong (responsável também por “No” e “Tony Manero” de Larraín) que consegue seduzir o espectador pelas lindas paisagens.
O clube do título refere-se a uma casa à beira mar que fica na costa chilena onde abriga quatro padres que foram exonerados de seus cargos sob acusações de molestar crianças. Eles vivem praticamente isolados do mundo. Com eles, vive Mónica, uma freira que cuida deles. O quinteto apesar de viver em comunhão e sob penitências, não tem uma vida totalmente imaculada pois eles apostam em corridas de cães (criam e treinam um cão para fins de bens pessoais), comem em excesso, consomem álcool, são preguiçosos… Atos que são contra os preceitos católicos. A rotina deles muda com a chegada de um padre, e em curto prazo de tempo (mal dá para o novato de explicar o motivo de estar ali), do lado de fora da casa um homem começa a narrar detalhadamente como sofreu abusos sexuais cometidos por ele.
Segue-se um suspense lentamente onde uma morte torna-se motivo para investigações da própria Igreja Católica que envia um membro para isso. Pesa sobre eles, além das declarações de pedofilia, homossexualismo, desconsideração com as transgressões de ordem da ditadura do General Pinochet e tráfico de crianças. Pra quem não sabe de que se trata o assunto, Augusto Pinochet foi um general do exército chileno. Seu governo permaneceu por dezessete anos e cinco sacerdotes foram assassinados por denunciar seu mandato de infringir os direitos humanos.
A história em si é um pouco macabra com pitadas de sadismo, que critica os escândalos que a Igreja esconde. Mesmo sendo comotivo, é o tipo de filme que não deixa a impressão de ser sensacionalista (por causa dos temas que existem nele) nem se deixa perder em seus diálogos, nem transforma o argumento em algo repugnante. Interessante a cada cena, consegue envolver e comover como poucos, mesmo se tratando de perversões contra menores. Por outro lado, o roteiro se detém em fazer o público trocar ideias, se aprofundando mais nas questões como hipocrisia, atos imorais e do porquê da Igreja praticamente exilar (com certas regalias que nem mesmo um cidadão trabalhador obtém) ao invés de denunciar. Bonito e ao mesmo tempo não metódico, “O Clube” é o tipo de filme que incomoda e ao mesmo tempo se aprecia.
Tralier do Filme: