Depois do não tão bem falado ‘3 Corações’ lançado no Brasil em abril deste ano, o diretor e roteirista Beneiot Jacquot tem outro filme também lançado aqui, desta vez em agosto, ‘O Diário de uma Camareira’, no qual também assina o roteiro. Exibido em fevereiro no 55° festival de Berlim o longa foi adaptado do livro ‘Diário de uma Camareira de Quarto’, de Octave Mirbeau publicado em 1900. A obra literária de Mirbeau foi adaptada em 1964 (com o mesmo título) e agora em uma nova versão para quem não conhece a história de assédio sexual que envolve patrão e empregada.
Celestine (Lea Saydoux ‘Azul é a Cor Mais Quente’) é uma jovem criada de quarto que é assediada por seu patrão. Ela sofre as humilhações da madame Lanlaire, uma mulher amargurada que mesmo ciente das traições do marido contrata mulheres para a função de camareira, mas que acabam exercendo outras atividades. Mesmo de temperamento forte e desbocada, a bela jovem Celestine tenta se manter forte como se estivesse se auto flagelando para se isentar da culpa da morte de um ex-patrão e ao mesmo tempo, se encontra encantada com Joseph, um misterioso jardineiro que lhe desperta certa curiosidade.
Rodado na França e na Bélgica com locações que fascinam, e acompanhado de uma trilha leve, que salienta ainda mais o bom gosto que o espectador tem ao decidir conferi-lo, ‘O Diário de uma Camareira’ tem uma bonita fotografia em tons leves e ao mesmo tempo cores vivas nas tonalidades certas. Mesmo sendo uma história que já foi explorada no cinema diversas vezes, Jacquot adaptou de forma densa e luxuosa a nova versão épica para quem desconhece o livro que, em seu lançamento, foi um tremendo escândalo.
Encantador e com sequências dramáticas excelentes, o espectador não se entedia por causa da forma como o longa é conduzido, e mesmo sendo um filme sério, pode-se também agradar em alguns momentos engraçados, e é justamente o que o torna um dos melhores trabalhos de Jacquot.