[et_pb_section admin_label=”section”][et_pb_row admin_label=”row”][et_pb_column type=”4_4″][et_pb_text admin_label=”Texto” background_layout=”light” text_orientation=”justified” use_border_color=”off” border_color=”#ffffff” border_style=”solid”]
Caro leitor,
Não nasci nos anos 80, aliás, só uma década depois. Mas como um bom fã de cinema que sou, minhas maiores influências são desses anos não vividos. Pode parecer meio estranho, mas esse sou eu. Enquanto minha adolescência foi marcada pela música de Renato Russo, na parte do cinema, John Hughes era um nome que adorava ouvir. Acredito que por novelas adolescentes como ‘Malhação’ ou ‘Rebeldes’ nunca combinarem comigo, – e na minha visão, nunca entenderem o adolescente – já, filmes como “Curtindo a Vida Adoidado” (1986) e “Clube dos Cinco” (1985) tinham muito do que eu era e queria ser. Quando crescemos e deixamos a fase adolescente de lado – ou parte dela – nos perguntamos o que nos inspira e o que marca, como eu fui marcado por Hughes.
Até então, o nome de Hughes era o símbolo adolescente quando o assunto é cinema. Com o tempo, o universo cinematográfico passou a entender mais o jovem, e criou obras como “As Vantagens de Ser Invisível” (2012) e “Lady Bird” (2015), este no qual Greta Gerwig conseguiu trazer a essência do adolescente revoltado dentro de uma narrativa deliciosa. E entre essa nova geração de entendedores de jovens, encontramos Greg Berlanti.
Por trás de quase todas as produções da CW, Berlanti demonstrou compreender, pelo menos a linguagem. Apesar dessas produções são serem lá grandes coisas, o público foi conquistado, e aqui em “Com Amor, Simon”, o diretor explora esse entendimento ao extremo. Em tela, você percebe as grandes influências de Berlanti, que traz muito do espírito de Hughes em tela, com o humor, os trejeitos, os personagens, que vão desde o valentão idiota ao adulto que não entende os jovens e faz qualquer coisa para se enturmar, inclusive passar vergonha.
Como um recente adulto, estou há poucos anos de distância da adolescência e me enxerguei muito durante o filme. Sim, há muito dos clichês cinematográficos em ‘Com Amor, Simon’, mas essa característica traz Hughes de volta, e pensando bem, por que clichê? Os jovens são realmente daquele jeito, não todos, mas são.
Berlanti, junto com a dupla de roteiristas, Elizabeth Berger e Isaac Aptaker fizeram um belíssimo trabalho em adaptar do livro de Becky Albertalli, trazendo toda a leveza e a dinâmica que a narrativa pedia. Todas as discussões que o texto traz são essenciais, desde o bullying no colégio a dificuldade de se assumir sexualmente para os pais, trazendo nesse ponto, uma inversão de papéis, extremamente bem montada e que acende uma luzinha da consciência. A bonita história de Simon é animadora e, principalmente, inspiradora – a prova está em diversas notícias de jovens se revelando durante e após a sessão do filme. A beleza vista em tela é que os três conseguiram fazer quem não viveu aquelas situações específicas, compreender tudo, desde o pensamento pessimista do personagem a atitude não pensada do mesmo. E sim, algumas podem parecer forçadas e exageradas, mas só quem viveu aquilo ou algo parecido, consegue aceitar mais fácil. O período adolescente é confuso, muitas coisas acontecem e junto, vem julgamentos, e isso, cada um, de forma individual, lida de uma forma diferente.
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Trazendo mais de mim ao texto. Durante uma época tive uma jovem crush no colégio, que não correspondia o mesmo sentimento. Aquilo era o fim do mundo, e cheguei a criar pensamentos pessimistas com sérias reflexões sobre acabar com a vida. Hoje, enxergo meu exagero, mas só eu mesmo me entendia na época.
Berlanti se aproveita da sequência de produções juvenis e incrementa em sua história, tanto que a fotografia tem seus momentos “13 Reasons Why” (2017-), na qual o tempo presente traz um filtro e o passado ou a imaginação do personagem muda a fotografia completamente. Nada que atrapalhe a narrativa do filme, é só mais um detalhe trazido pela produção. Ao vermos, especificamente, o ponto de vista de Simon, caminhamos com ele em sua descoberta, procurando tentar descobrir seu amor misterioso, com uma montagem muito bem feita que gera o mistério, apesar de não surpreender tanto na grande revelação. Mesmo previsível, a construção da cena é boa e apaixona ainda mais quem já está imerso na história do personagem.
A compreensão de Berlanti com o adolescente é tão grande que atinge na duração do filme. Com quase duas horas, o longa aparenta ter um pouco mais. Cinematograficamente falando, isso não é tão positivo para a produção, mas nada mais é do que a representação básica do período adolescente, que parece ser muito longo, mas ao acabar, aparenta ter passado rápido demais.
Como andamos praticamente de mãos dadas com Nick Robinson, era de se esperar um trabalho um pouco melhor. Não que ele seja um desastre, calma, mas ainda não conseguiu mostrar para o que veio em Hollywood. Aqui, mesmo mal, ele segura em alguns momentos. O resto do elenco caminha na mesma, mas nada que estrague sua experiência no cinema. No entanto, Ansel Elgort – mesmo aparentando ser mais velho – sustentaria bem mais o papel, artisticamente falando, mas com certeza, perderia a essência adolescente boba e inocente que o personagem precisa ter.
Longe da perfeição ‘Com Amor, Simon’ tem a função de ensinar. Nada sexual ou escolar, mas sim, social. Social no sentido de respeito, de olhar o próximo e não enxergar as diferenças, e mesmo quando há essas diferenças, não desrespeitar ou humilhar por ser algo que VOCÊ, na maior ignorância, não aceita. É difícil, mas entendemos como o mundo é hoje, nada é fácil e muitos acabam tendo que enfrentar dificuldades maiores que um simples trânsito na volta do trabalho ou uma nota baixa em matemática. São humilhações, violências e mortes, devido a uma estúpida ignorância. Aqui, ele traz essas discussões indiretamente, e tem a função de mostrar que todos nós merecemos e viveremos o amor que precisamos. Meu eu de anos atrás não acreditava em um dia viver isso. Bem, hoje, já imagina como eu estou. Clichê? Talvez, mas essa é a vida como ela é. (Hmmm, clichê de novo, eu sei, vou parar).
Que a simplicidade de ‘Com Amor, Simon’ te conquiste do mesmo modo que me conquistou e faça o maior número de pessoas assisti-lo, e de todas as sexualidades, para assim, existir, realmente, o respeito. Longe do filme ser a mudança para o mundo, mas já é um primeiro passo.
Com amor, Guilherme.
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