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Publicada em 1963, a história do alienígena Thomas Jerome Newton se tornou um grande clássico não só da literatura, mas também do gênero de ficção-cientifica, trazendo uma história refinada, mas ao mesmo tempo provocativa. E no ano de 1976, chegou aos cinemas a adaptação da obra de Walter Tevis com David Bowie no papel do alienígena, papel esse que se encaixou perfeitamente com o ator, que estava realizando sua primeira participação nos cinemas. 41 anos depois, Thomas Jerome Newton está de volta às telonas, e por incrível que pareça, com uma mensagem ainda tão atual quanto em 1976.

Classificado como um clássico cult da ficção científica, ‘O Homem Que Caiu na Terra’ mostrou que ainda tem muita força na sociedade atual, trazendo críticas e questionamentos envolvendo situações de ganância e ignorância que o mundo vive atualmente. Como o livro, Nicolas Roeg apresenta a história do alienígena de forma sutil e delicada, em um ritmo mais lento, onde ambientação e personagens são bem trabalhados.

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Em meio a ignorância do ser humano, o personagem de Tevis surpreende o público, não só pela aparência, mas também por toda sua ideologia e preocupação com seu planeta, algo que nós, seres humanos, deixamos de lado cada vez mais. Toda a trajetória de Thomas e sua transformação causada pelo próprio ser humano é muito bem apresentada por Roeg em cenas fortes, mas ao mesmo tempo sensuais e psicodélicas. Apesar do filme causar certa canseira no espectador devido a sua longa duração, ele consegue prender pela curiosidade em relação ao futuro do personagem, mas peca em sua montagem, com cenas mal encaixadas que deixam a narrativa confusa.

O retorno do filme aos cinemas brasileiros é devido ao aniversário da morte de Bowie, morto em janeiro de 2016 devido a um câncer no fígado. Importante no cenário musical, o cantor se aventurou bastante pelo cinema, como em ‘Labirinto – A Magia do Tempo’ (1986), ‘Basquiat – Traços de uma Vida’ (1996), ‘O Segredo de Mr. Rice’ (2000), entre outros, mas sua presença em ‘O Homem Que Caiu na Terra’ ganha maior destaque devido ao papel perfeitamente encaixado com Bowie, um alienígena impúbere, alto, delicado, magro e polido. Apesar de ser a primeira experiência do cantor nos cinemas, Bowie apresentou uma atuação honesta e digna de seu personagem, que gerou cenas icônicas e marcantes para a história do cinema e do gênero.

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‘O Homem Que Caiu na Terra’ é uma obra completa, delicada, linda, mas traz em sua profunda análise uma mensagem ao espectador que sai da sala de cinema com questionamentos, sobre o próprio ser e sobre como os homens estão agindo com o mundo. Mesmo longo, o filme ganha o espectador com um roteiro misterioso e com diálogos muito bem equilibrados com personagens ricos.

Nicolas Roeg conseguiu provar que fez um ótimo trabalho, e mesmo sendo um filme que conversa com uma sociedade que sofreu as mudanças durante a Guerra Fria na década de 50, ‘O Homem Que Caiu na Terra’ continua conversando com a sociedade de hoje, tornando sua classificação de clássico ainda mais poderosa. Apesar de sua atemporalidade, o longa ficou preso em seu tempo quanto a sua narrativa lenta, e merecia, devido ao seu potencial, uma atualização, para que a importante mensagem trazida seja interpretada pelo público de hoje de modo mais fácil, mas ao mesmo tempo sútil.

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Não é só de David Bowie que vive o filme, seu roteiro bem escrito e todo seu mistério tratado com delicadeza merecem a atenção de uma sociedade tão ignorante quanto a de 1976.

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