Longa europeu “O Protocolo Auschwitz” relembra o plano de fuga que revelou os horrores dos campos de concentração.
Uma das maiores atrocidades da história de humanidade aconteceram no sul da Polônia durante a segunda guerra mundial nos campos de concentração e extermínio administrados por membros do terceiro Reich e colaboradores do governo nazista de Adolf Hitler. Auschwitz é o mais conhecido deles, onde mais de 1,5 milhão de pessoas foram executadas. A maior parte dessas pessoas eram judeus de diversas regiões da Europa.
E todo esse horror era mantido em sigilo pelo governo alemão durante a guerra.
Essa história só ganhou luz graças ao esforço de dois prisioneiros judeus de origem eslovaca Rudolf Vrba e Alfred Wetzler que organizaram um plano quase que improvável de fuga e conseguiram contar o que acontecia naquele lugar.
O longa “O Protocolo Auschwitz” recria a atmosfera de terror do local em 1944 e conta a história de dois judeus de origem eslovaca que junto com apoio de outros prisioneiros montam um plano de fuga do campo de concentração.
Durante 3 dias, Freddy e Walter ficam escondidos num buraco debaixo de bases de madeira embebidas em gasolina para disfarçar o cheiro deles para que não fossem localizados pelos cães dos guardas. Enquanto isso, todos os outros prisioneiros foram torturados com frio e fome em fila para que dissessem onde estavam os desaparecidos. Aproveitando uma distração dos guardas a dupla conseguiu deixar o campo de concentração e seguir em direção a fronteira entre a Polônia e a Eslováquia para pedir ajuda para as autoridades daquele país.
A produção, que é uma parceria entre Eslováquia, Alemanha e República Tcheca, aposta numa fotografia bem interessante, colocando o ponto de vista do espectador próximo do olhar dos protagonistas. Algumas tomadas causam desconforto por estarem fora do eixo normal, mas desconforto é a melhor forma de se inserir na história e entendê-la. Outro ponto positivo são as cores que não são vivas no filme e há uma alternância entre momentos cinzentos e poucos momentos coloridos que combinam bastante com o inverno europeu na região e o clima triste e bucólico do local.
A direção do Peter Bebjack acerta o tom em não priorizar torturas e horrores já conhecidos na história de Auschwitz e priorizar o drama e o sacrifício dos protagonistas mas, peca num ritmo lento demais para a história.
Quase 80 anos após a segunda guerra o filme e a história baseada em fatos de “O Protocolo Auschwitz” se faz necessária num momento de grande desinformação no mundo todo onde alguns grupos inclusive tentam negar as atrocidades do governo nazista e subverter fatos e propagar ideias supremacistas de extrema direita e isso é exemplificado nos créditos finais do filme com falas reais e atuais de vários líderes mundiais, entre eles o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, propagando discursos de ódio seja contra judeus, índios, negros, gays, ciganos, imigrantes outras minorias etnícas e religiosas.
Uma cena no terceiro ato que mostra Freddy e Walter revelando para uma incrédula autoridade Eslovaca sobre os massacres e os números de execuções diárias nas câmaras de gás que remete a descrença nos dias atuais com a contagem interminável de mortos vítimas da Pandemia do novo Coronavírus Brasil e faz todo sentido com a citação do filósofo espanhol George Santayana “Aqueles que não se lembram do passado estão condenados a repeti-lo”.