O ÚLTIMO JOGO | EM TEMPOS SOMBRIOS, O FUTEBOL SEGUE COMO A ÚNICA ALEGRIA DO POVO

A comédia “O Último Jogo” mostra que só a rivalidade entre Brasil e Argentina é capaz de fazer esquecer os problemas do dia a dia.

O jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues dizia que “Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos” por mais que haja uma política de jogo limpo no futebol, na hora que a bola rola tudo é bem diferente no campo. Seja num Maracanã lotado ou numa pelada nos confins do país. É essa a lição que Arlindo (Norberto Presta), técnico do time Brasileiro da cidade de Belezura que fica no limite da fronteira com a Argentina, tenta aplicar aos seus jogadores e vê na rivalidade futebolística entre os dois países uma forma de esquecer os problemas cotidianos no longa “O último Jogo”.

A cidade vive em torno da indústria moveleira e com o fechamento de uma fábrica vê na revanche da última derrota para os hermanos uma forma de marcar aquele ciclo de forma positiva. Só que com o astro do time, o atacante Califórnia (Pedro Lamin) em uma fase conturbada só resta criar um fato novo para virar o jogo.

E aí surge o misterioso Expedito (Bruno Belarmino) que chama atenção de todos com sua habilidade fazendo embaixadinhas e pode ser o cara para fazer a diferença para trazer a vitória da equipe brasileira. Só que sua namorada não quer ficar na cidade e pretende fazer ele ir embora o quanto antes. Cansado de perder, Arlindo monta um esquema especial para vencer o jogo e prova que Nelson Rodrigues tinha toda a razão.

O diretor Roberto Studart usa do humor para contar uma história bem leve e particular sobre essa rivalidade entre Brasil e Argentina a partir do ponto de vista de uma fictícia cidade fronteiriça do Brasil.

E nesse bom humor ele mostra o quanto vale tudo conquistar uma vitória no futebol até mesmo omitir uma morte, apoio policial na fronteira para impedir uma fuga e adultério.

O filme que é uma coprodução entre Brasil, Argentina e Colômbia tem uma leveza que lembra as clássicas e boas comédias do cinema nacional sem se apoiar em bordões, xenofobia ou situações de humor escatológico ou ofensivo e prova que a América do Sul deveria levar mais as telas a paixão pelo futebol que seus povos levam aos estádios todos anos.

en_US