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Neste domingo, 23 de junho, acontece a 23ª edição da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, com 19 trios elétricos e um público esperado de mais de três milhões de pessoas, o tema deste ano é “50 Anos de Stonewall”, “Nossas conquistas nosso orgulho de ser LGBT+”.

Stonewall Inn é um bar LGBT em Nova York que foi palco da Revolta de Stonewall em junho de 1969. Nas décadas de 1950 e 1960 havia uma legislação anti-LGBT em vigor nos Estados Unidos, ter relações sexuais com pessoas do mesmo sexo era considero crime e a perseguição era constante, após uma batida policial no bar Stonewall Inn, a comunidade LGBT frequentadora do bar decidiu dar um basta nas repressões e agressões e esse sentimento de resistência resultou em três dias de enfrentamento com a polícia.

O movimento que ficou conhecido como “A Revolta de Stonewall” se tornou um marco na história de protestos e reinvindicações por direitos LGBT, influenciando outros movimentos da comunidade pelo mundo. Um ano após o acontecido, em 28 de junho de 1970, foi então realizada, em Nova York, a primeira Parada do Orgulho. Por isso, junho é considerado o Mês do Orgulho LGBT e a Parada de São Paulo, assim como todas as outras, tem como motivação a bravura daqueles que se levantaram contra a ideologia repressiva de uma época.

Para comemorar o Mês do Orgulho LGBT+, nos separamos dez melhores filmes com a temática, que vão de romance adolescente a luta de ativistas em meio a epidemia de AIDS nos anos 80.

10. “Entre Laços” (2017)

Tomo (Rinka Kakihara), de apenas 11 anos, é abandonada pela mãe e passa a viver com o tio, Makio (Kenta Kiritani), e sua namorada, Rinko (Toma Ikuta). Inicialmente com pensamentos confusos após descobrir que Rinko é uma mulher transexual, Tomo vai aos poucos descobrindo o verdadeiro sentido de família.

O filme, dirigido por Naoko Ogigami, foi exibido no Festival de Berlim em 2017, onde ganhou o Prêmio Teddy, que é um prêmio oferecido a filmes com temática LGBT, e trata da diversidade sexual e de gênero de uma maneira aberta, e gentil à medida que Tomo vai se afeiçoando a Rinko e se tornando mais interessada no processo de transição de gênero da enfermeira.

Entre Laços é um filme que mostra a formação de uma família, apesar de todas suas dificuldades, e faz um apelo a aceitação e compreensão de forma leve e encantadora.

9. “O Mau Exemplo de Cameron Post” (2018)

Flagrada pelo namorado transando com a melhor amiga em pleno baile de formatura, Cameron Post (Chloe Grace Moretz) é enviada pela tia para um centro religioso que pratica a cura em jovens atraídos pelo mesmo sexo. Além de ser submetida a um tratamento liderado por um “ex-gay”, Cameron tem que lidar com seu amadurecimento que aqui é tratado de maneira inteligente e generosa.

Ganhador do prêmio do júri no Festival de Sundance em 2018, o longa é baseado no livro homônimo escrito por Emily M. Danforth e aborda os questionamentos comuns a qualquer adolescente, Cameron, interpretada pela versátil Chloe Grace Moretz, ainda não tem certeza nem sobre seu cristianismo nem sobre sua orientação sexual. “O Mau Exemplo de Cameron Post” as vezes falha no ritmo de desenvolvimento da trama, mas não deixa de mostra, sem efetivamente apontar vilões, todas as formas de vítimas geradas pela repressão de um sistema que promove a autocondenação e o ódio a si mesmo.

8. “Desobediência” (2017)

A fotógrafa Ronit (Rachel Weisz) retorna para a cidade natal pela primeira vez em muitos anos em virtude da morte do pai, um respeitado rabino. Seu afastamento foi bastante abrupto e o reaparecimento é visto com desconfiança na comunidade, mas ela acaba acolhida por um amigo de infância (Alessandro Nivola), para sua surpresa atualmente casado sua paixão de juventude, Esti (Rachel McAdams).

“Desobediência” explora temas como a religião conservadora que acaba moldando a vida daqueles que nasceram praticando seus rituais mesmo que isso signifique suprimir as próprias vontades e características, e também aborda a sexualidade de duas mulheres que mesmo após passarem muito tempo separadas não conseguem aplacar o desejo que sentem uma pela outra. O relacionamento entre Ronit e Esti é trabalhado lentamente e vai se tornando mais acentuado com o passar do filme, para que no momento em que a chama abafada do passado reacenda, nós já tenhamos entendido a complexidade do relacionamento das duas. E mesmo em meio a uma comunidade judaica conservadora pronta para um escândalo, o filme opta pelos dramas internos dos personagens que são sustentados por ótimas atuações.

7. “Tangerine” (2015)

Assim que sai da prisão, a prostituta transexual Sin-Dee (Kitana Kiki Rodriguez) descobre através de sua melhor amiga (Mya Taylor) que o namorado Chester (James Ransone) está saindo com outra pessoa, uma mulher cisgênero. Sin-Dee decide encontrar os dois e puni-los pela traição.

Filmado inteiramente com alguns Iphone 5S (a gente bem sabe que a bateria de um só não aguenta) “Tangerine”, foi eleito a melhor ficção de temática LGBT no Festival Internacional do Rio de Janeiro em 2015, além de outros 23 prêmios que ganhou. Quebrando as convenções tanto em termos de técnicas de filmagens e de elenco, o filme acompanha Sin-Dee numa desenfreada busca pela tal da amante, num ritmo acelerado e as vezes repetitivo, mas sem deixar de lado a veracidade, “Tangerine” é um conto divertido e ao mesmo tempo que aborda o preconceito, o que lhe confere um fundo de tristeza, contrastante com seu ritmo frenético e seu visual colorido e iluminado.

6. “A Garota Dinamarquesa” (2015)

Cinebiografia de Lili Elbe (Eddie Redmayne), que nasceu Einar Mogens Wegener e foi a primeira pessoa a se submeter a uma cirurgia de mudança de gênero. Em foco o relacionamento amoroso do pintor dinamarquês com Gerda (Alicia Vikander) e sua descoberta como mulher.

Protagonizado pelo inegável talento de Eddie Redmayne, “A Garota Dinamarquesa” é um belíssimo retrato biográfico, baseado no romance homônimo de David Ebershoff, ele nos mostra a convicção de Lili em se afirmar como uma mulher trans, muito antes de existir um termo para defini-la, é sobre o casamento de duas pessoas que se amam acima de qualquer outra coisa, e mesmo que em alguns momentos tudo pareça se encaixar bem demais, que tudo é muito lindo como num conto de fadas, o que pode tornar a história, mesmo que real, não tão crível, o longa ainda explora a humanidade complexa de seus personagens, é antes de mais nada sobre se descobrir e sobre deixar partir.

5. “Moonlight: Sob a Luz do Luar” (2016)

Escrito e dirigido por Barry Jenkis, o filme que a princípio seria uma peça de teatro é um poético estudo de personagem. Três momentos da vida de Chiron, um jovem negro gay morador de uma comunidade pobre de Miami em 1990, são retratados, lançando um olhar sobre histórias que nem sempre são contadas. Do bullying na infância, quando nem ele mesmo entendia o que significava a palavra bicha, que tanto os colegas o chamavam, passando pela crise de identidade da adolescência e a tentação do universo do crime e das drogas, Moonlight mantém um elemento comum em todas as fases da vida do personagem, a busca pelo autoconhecimento de um jovem cada vez mais reprimido.

4. “O Segredo de Brokeback Mountain” (2005)

Jack Twist (Jake Gyllenhaal) e Ennie Del Mar (Heath Ledger) são dois jovens que se conhecem no verão de 1963, após serem contratados para cuidar das ovelhas em Brokeback Mountain. Jack deseja ser cowboy e está trabalhando no local pelo 2º ano seguido, enquanto que Ennie pretende se casar com Alma (Michelle Williams) tão logo o verão acabe. Vivendo isolados por semanas, eles se tornam cada vez mais amigos e iniciam um relacionamento amoroso.

Adaptação de um conto de Annie Proulx publicado em 1997 no jornal The New Yorker, “O Segredo de Brokeback Mountain”, lançado em 2005, ganhador de três Oscars, se firmou como um símbolo de visibilidade LGBT na indústria do cinema pela reviravolta na imagem tradicional da masculinidade americana.

O longa protagonizado por dois cowboys de poucas palavras tem seus melhores momentos nas pausas que através de expressões e olhares dizem mais do que qualquer palavra, isso se estende para além do relacionamento entre os dois, é levado também para o relacionamento deles com suas esposas, mesmo sem que nada seja dito em voz alta é possível prever seus pensamentos e presenciar o peso que eles causam ao passar dos anos. E esses sentimentos que não ousam ser explicitados por palavras só podem ser tão claramente entendidos muito graças ao elenco mais do que competente que entrega performances inteligentes.

3. “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho” (2014)

Leonardo (Ghilherme Lobo), um adolescente cego, tenta lidar com a mãe superprotetora ao mesmo tempo em que busca sua independência. Quando Gabriel (Fabio Audi) chega na cidade, novos sentimentos começam a surgir em Leonardo, fazendo com que ele descubra mais sobre si mesmo e sua sexualidade.

Dirigido por Daniel Ribeiro, o longa amplia a discussão sobre a descoberta do primeiro amor já abordada pelos mesmos personagens no curta também dirigido por ele “Eu Não Quero Voltar Sozinho”. As dificuldades enfrentadas por Leonardo, um adolescente cego e gay, mas nunca definido por nenhuma dessas características, são maneiras de retratar as dificuldades enfrentadas por todos na adolescência. O longa aborda de uma maneira intimista e romântica a descoberta da sexualidade e o processo de se adquirir confiança em busca de autocitação sobre o medo.

2. “Paris Is Burning” (1990)

Um exuberante documentário de 1990 dirigido e escrito por Jennie Livingston, gravado em diferentes momentos da década de 1980, que tem como foco a comunidade LGBT na cidade de Nova York. É um filme sobre resistência e o apoderamento de um espaço cultural que retrata o mundo dos clubes undergrounds onde Drag Queens e transexuais, marginalizados até os dias de hoje, criaram uma cultura que hoje é exaltada e torna-se cada dia mais popular através de reality shows como RuPaul’s Drag Race.

O documentário, que foi considerado como uma das obras novaiorquinas mais influentes pela New York Magazine, mantém sua influência até hoje, seja pela construção de uma nova linguagem, usando palavras descritivas como “fierce” e “shady”, ou pela a exposição honesta de como a sociedade marginaliza Drag Queens e transexuais os tornando ainda mais vulneráveis.

1. “The Normal Heart” (2014)

Dirigido por Ryan Murphy, criador das séries Glee e American Horror Story, “The Normal Heart” conta de uma maneira poderosa os eventos que precedem a epidemia de AIDS nos Estados Unidos nos anos 80. A adaptação da peça homônima escrita por Larry Kramer para a Broadway, acompanha o escritor Ned Weeks (Mark Ruffalo) na luta para tornar pública a doença, na época apelidada de forma pejorativa de “câncer gay”, a qual que por afetar, majoritariamente, uma parcela marginalizada da população não recebe a devida atenção das autoridades governamentais.

Com um elenco irrepreensível, o longa mostra, sem pudores, o levante do empoderamento sexual da comunidade gay, como esta mesma comunidade foi afetada pela doença, pela indiferença e pelo preconceito de maneira tão devastadora. E devastadora é uma ótima maneira de descrever “The Normal Heart”, é daqueles filmes que você termina de ver com o coração apertado e ao mesmo tempo tem que sensação de ter levado um soco, ele é igualmente comovente e impactante.

E já que esse ano o tema da 23ª Parada de Orgulho LGBT de São Paulo é 50 anos de Stonewall, fica aqui como menção honrosa o documentário “A Morte e a Vida de Marsha P. Johnson”, que traz o legado político deixado pela drag queen Marsha P. Johnson, estrela da TV americana, fundadora do Sweet Transvestite Action Revolutionaries (STAR), e alegadamente quem atirou o primeiro copo contra as viaturas policiais iniciando a Revolta de Stonewall, e quem sempre dizia, “não há orgulho para alguns sem a libertação de todos nós”.

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