A adaptação mais singela de Stephen King dirigida por Rob Reiner em 1986 completa sua maioridade este mês. A própria produção por si já destoa da maior parte do que foi visto no cinema em sua obra, pois não existe um tenebroso horror subjetivo, nem criaturas ou maldições ameaçadoras, mas uma crônica do início da adolescência do autor nos anos 50 no Maine, sua cidade natal nos Estados Unidos.
(Foto: Jim Spellman/WireImage)
A pequena Castel Rock onde se passa a trama já foi usada em outras histórias do escritor, como ‘Dead Zone’, adaptada por Cronenberg em 1983, e o próprio nome fictício faz referência a montanha citada no livro ‘O Senhor das Moscas’ de William Golding, outro clássico da literatura moderna onde garotos são deixados em uma ilha deserta após a queda de um avião, e a selvageria toma lugar da educação formal dada a eles, pois todos são alunos de um colégio interno inglês.
Partindo destas inspirações, o pequeno filme que marcou a geração dos que cresceram entre os anos 1980 e 90, é na verdade um romance de formação, apesar de sua fonte original ser o conto ‘The Body’. Gordie(Will Wheaton) é um menino de 12 anos que tem muita imaginação para histórias e inabilidade nos esportes, o completo oposto de seu irmão Denny(John Cusack), o mais amado por seus pais, e recém falecido ídolo do futebol local. Sua desconexão com o mundo de seus pais faz com que seus únicos amigos sejam os losers do colégio, Chris(River Phoenix), Vern(Jerry O’Connell) e Teddy(Corey Feldman), tão avessos aos adultos quanto ele, mas não por rebeldia, mas sim por serem invisíveis em uma cidade de valores quadrados onde ou se é oque os pais querem, ou seja, uma projeção do que não conseguiram, ou se cai na delinquência juvenil como os irmãos de Chris e Vern.
Mais uma vez como é recorrente em Stephen King, o tema isolamento social é posto em discussão como em ‘Carrie-A Estranha’, ‘Louca Obssessão’ e ‘O Iluminado’. Os quatro amigos são levados a uma última jornada juntos antes do fim do verão, atraídos pela história do desaparecimento do jovem Ray Brower, e entre discussões inocentes e a descoberta de seus medos e inseguranças, o filme explora a construção da identidade de garotos comuns diante da morte e as figuras de autoridade
Sem as apelativas trilhas pop e os esteriótipos comuns em outros filmes do gênero, temos aqui um pequeno clássico para várias gerações, e que pela sutileza está se tornando cada vez melhor.
Curiosamente, assim como seu personagem Chris, o ator River Phoenix morreu de forma banal em uma boate aos 23 anos por overdose como um promissor astro em ascensão. Uma ironia do cinema.
Curiosamente, assim como seu personagem Chris, o ator River Phoenix morreu de forma banal em uma boate aos 23 anos por overdose como um promissor astro em ascensão. Uma ironia do cinema.