No dia 05 de agosto de 2010, não só o Chile, mas o mundo inteiro se sensibilizou com o acidente envolvendo 33 mineiros soterrados em um acidente na Mina San José, no Chile. Apenas cerca de 70 dias depois, no dia 13 de outubro de 2010, todos os 33 trabalhadores foram resgatados, dando fim à um dos maiores e mais longos acidentes que o mundo já viu.
Após 5 anos, eis que essa história de superação e coragem chega às telonas, em ‘Os 33’, uma adaptação dirigida pela mexicana Patricia Riggen, e que conta com o brasileiro Rodrigo Santoro, o espanhol Antonio Banderas e a francesa Juliette Binoche no elenco.
O longa, produzido a partir dos relatos dos mineiros e das famílias, que presenciaram todas as tentativas de resgate, é emocionante e retrata o sofrimento e o desespero durante os 70 dias em que os mineiros ficaram soterrados. Além disso, o filme faz questão de abordar a questão psicológica, com atuações bastante pertinentes. Mario Sepulveda, interpretado por Banderas, e líder do grupo, entra com o dever de manter o grupo unido e lúcido e racionar a pouquíssima comida que possuem, numa atuação realista e intensa.
Rodrigo Santoro, por sua vez, interpreta o Ministro das Minas Laurence Golborne, que tem o difícil papel de ser o porta-voz do Estado, e ser o único a informar às famílias a respeito do processo de resgate. Santoro honra o papel importante que lhe foi dado e consegue compartilhar a angústia de seu personagem com o público. A francesa Juliette Binoche, que interpreta María Segovia, irmã de um dos mineiros soterrados, se entrega ao papel com maestria. Sua personagem vive um conflito intenso, que também é compartilhado com o público.
Todo o processo de resgate é apresentado no filme de forma bastante realista. O sofrimento das famílias dos 33 mineiros também é retratado, e faz o espectador mergulhar na história com proeza. Além disso, o longa faz críticas interessantes e necessárias. A forma como a segurança na mina foi ignorada, ato que provocou o acidente, é uma delas. A importância da família também é abordada no longa, e o valor da vida também, perante o Estado e perante os próprios chilenos.
A trilha sonora de ‘Os 33’ é apropriada, e casa muito bem com o ambiente do filme. A fotografia é privilegiada, e aproveita o cenário. O uso da língua inglesa é um ponto contraditório, que tem o poder de comprometer a total imersão do espectador, afinal a história se passa no Chile, porém não é forte o suficiente para diminuir a eficiência de ‘Os 33’, que consegue emocionar o espectador e permitir que o mesmo seja quase que soterrado com os 33 mineiros de San José.
