Baseado na ideia central do livre de mesmo nome, “Papai É Pop” traz como protagonistas Lázaro Ramos e Paolla Oliveira, dois dos maiores nomes da atual geração brasileira de atores e eles dão vida a dois personagens igualmente carismáticos formando um casal de pais de primeira viagem que têm descobrir e aprender as belezas e os desafios da paternidade – quer dizer, Tom, o personagem de Lázaro Ramos, tem que aprender, já que Elisa (Paolla Oliveira) não tem a chance de cometer erros como Tom, uma situação já clássica para tantas mães brasileiras.
Não é à toa que “Papai É Pop”está sendo lançado na semana que antecede o dia dos pais. A paternidade é o grande personagem central dessa trama e o caminho que Tom percorre para alcançá-la. Ele é um rapaz jovem e imaturo, num emprego que paga algumas das contas e sem grandes aspirações, Tom gosta de jogar videogame e futebol e recebe conselhos de paternidade de seu melhor amigo que acredita que pra ser um bom pai, basta “ajudar” a cuidar do bebê de vez em quando, mas não tanto que você deixe de viver sua vida do jeito que você quer. Enquanto isso, Elisa é uma advogada responsável que provê para sua família e se prepara para trazer Laurinha ao mundo, inclusive quase o faz sozinha, já que Tom foi jogar futebol nos últimos dias de sua gravidez e quase perdeu o nascimento da filha.
A partir do nascimento de Laurinha, vemos uma história muito bem conhecida pelas mulheres, e por todos. Tom, mesmo tendo jurado que seria um pai melhor do que seu pai que o abandonou ainda criança, cai na figura do pai ausente, enquanto Elisa se desdobra para cuidar da casa e do bebê, Tom continua levando sua vida de solteiro, trocando uma fralda vez ou outra pra dizer que está lá. Para Tom é tudo muito complicado, como a paternidade geralmente é, mas sem saber lidar com suas novas responsabilidades chega a pensar em deixar a criação de Laurinha para Elisa, já que ela sempre sabia o que fazer e ele não.
Essa é a parte mais incômoda de “Papai É Pop”. É um fato que o filme tenta jogar um holofote sobre a paternidade ausente e a importância de um pai que seja, de fato, um pai e não apenas um ajudante ou uma babá, mas muitas vezes o filme acaba arranjando desculpas para o comportamento de Tom do mesmo modo que a sociedade está sempre disposta a perdoar e celebrar um pai que faz o mínimo, quando o máximo é sempre o esperado pelas mães. Elisa, assim como qualquer outra mulher, não nasceu sabendo tudo sobre maternidade, ela apenas se preparou, sabendo que agora uma nova vida dependia dela.
A caminhada de Tom para se tornar um bom pai é legal de se ver, principalmente por conta de sua relação com sua mãe Gladys, vivida com maestria por Elisa Lucinda, que o apoia sem ser condescendente com suas atitudes machistas e egoístas. Vemos aos poucos Tom abrindo mão de certos privilégios para dedicar mais tempo ao ser humano que ele optou por trazer ao mundo, até que ele se torne o pai que almejava ser.
Com um bom equilíbrio entre comédia e drama, mérito da direção comedida de Caito Ortiz, é muito fácil se emocionar e se envolver no crescimento de Tom (principalmente com a trama da segunda parte do filme, mas sem spoilers), mas como o foco aqui é a paternidade, a personagem de Elisa acaba não fazendo parte dessa balança, sua história depende unicamente da trajetória de Tom, seu esforço muitas vezes é dado como “dom” e ela está pronta para perdoar tudo quando Tom atinge seu papel de “pai herói”, quando, novamente, ele só está fazendo o que ela mesma sempre fez.
Mesmo com os tropeços, é evidente que “Papai É Pop” tem boas intenções e talvez possa até servir como inspiração para os famosos “pais de selfie”, como o próprio filme sugere.