Pimenteiros de plantão! Hoje faremos uma nova descoberta nessa terra desconhecida que vai além do universo dos grandes lançamentos. Se esta é sua primeira visita, este é o Perdido nas Prateleiras, aqui falamos sobre coisas valiosas que passam despercebidas no nosso radar. Uma vez por semana (sexta-feira) falaremos sobre alguma obra não tão comentada quanto as mais festejadas, coisas que estão por aí e talvez você não conheça, e se você conhecer compartilhe essas raridades que merecem a nossa atenção e a de todos.
Conhecemos James, um homem que convida seus três melhores amigos para acompanhá-lo em uma viagem para seu lugar preferido. O que vai fazer você grudar os olhos na tela é a revelação que ocorre nos primeiros minutos da trama. James está em estado terminal devido a um câncer. E graças a este plot inicial, Benedict Cumberbatch nos convida para – sem duvidas – um dos seus filmes mais brilhantes e íntimos.
Essa grata surpresa de 2010 nos acompanha nessa exploração sobre a vida de uma pessoa e como ela é afetada por determinados momentos e certas amizades. E que mesmo revelações avassaladoras resultam em histórias engraçadas. Acredito que o valor de humanidade que existe nos personagens é tão vívido, que a amizade entre os amigos e James é uma das coisas mais belas desde ‘Conta Comigo’. A cumplicidade é algo abordado e confrontado entre eles, o elo de uma vida com as pessoas, às vezes se torna inquebrável, até o momento de aceitar a morte chegar.
Nada nos traduz mais do que os livros que lemos, os filmes que vemos, as músicas que escutamos, as coisas que apreciamos e o principal quem escolhemos para dividir essa experiência fantástica chamada vida.
Estender-me em análises técnicas talvez faça com que eu perca o vislumbre que o ato final me concede, por vezes o filme pode soar lento, arrastado, mas neste caso passamos a entender que para quem tem um ponteiro prestes a parar de girar, o simples barulho do mar é uma contemplação celestial. Saber o momento da morte ou a aproximação dela, nos torna seres medíocres, dependendo da percepção de quem enxerga a situação, mas ao chegar no final – abdicando de questões religiosas – enxergamos que podemos nos tornamos deuses ao entender a beleza que traduz a passagem pela vida e a “eternidade” que alcançamos ao deixá-la.