A amizade entre dois ex-namorados é o tema do filme de estreia do pernambucano Leonardo Lacca. Mas a amizade entre eles é o que menos eles queriam. Pelo ao menos é o que aparenta. Ivo é um fotógrafo que aceita se hospedar no apartamento de sua ex-namorada enquanto se prepara para sua primeira exposição. Entre eles ainda existe uma forte paixão que é percebida logo de cara. O jeito como se olham e como se tocam, faz lembrar-se de como “eram bons aqueles tempos”. Apesar de se envolver em uma aventura amorosa com a secretária da dona do espaço onde terá sua exposição, Ivo se sente emocionalmente afetado por sua ex, que agora está casada. Mesmo sendo uma história simples, ‘Permanência’ é profundo e consegue comover justamente por sua simplicidade, sua modéstia e o jeito delicado em como é conduzido.
Vencedor de cinco Calungos no Festival de Cinema do Recife (Melhor Filme; Melhor Atriz, com Rita Carelli; Melhor Ator Coadjuvante, com Genésio Barros; Melhor Atriz Coadjuvante, com Laila Pas e Melhor Direção de Arte), é um dos poucos filmes brasileiros que fala abertamente sobre relacionamento que toca o público. Tirado do curta-metragem ‘Décimo Segundo’ de 2007 (também com Irandhir Santos e Rita Carelli), Lacca preferiu não rodar o longa igual ao curta. “Considero que são totalmente diferentes. Não são complementos. Há um diálogo entre eles porque há semelhança no universo, que é uma pesquisa artística minha, mas o longa foi filmado mais de sete anos depois. Têm o mesmo diretor, mas em fases diferentes. O curta serviu como exercício”, disse Lacca em entrevista a um jornal pernambucano.
Apesar de ser generalizado drama, “Permanência” tem um lado romântico com pitadas de humor tipicamente feitas para um filme que trata de relações entre pessoas que ainda se amam mesmo separadas de corpos, mas que ainda se deixam levar pelas lembranças do passado que marcaram tanto as vidas de ambos.
A carga máxima do filme se deve as atuações que são naturais e simples onde o elenco parece se sentir muito à vontade, e pela simpatia também que ajudam a dar mais vida aos personagens (mesmo com o mau humor de Mauro – Silvio Restiff de “Tatuagem” – que não esconde sua má vontade em receber Ivo). Em sua estreia com este longa, Lacca merece estar em destaque entre a safra de diretores promissores que tiveram êxito em seus primeiros filmes nos últimos tempos.