Por trás de uma grande mulher sempre há uma história de machismo, “A Esposa” aborda tema delicado

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Por anos as mulheres vivem no eterno dilema entre se dedicar exclusivamente família ou viver seu sonho de trajetória profissional. Tudo por influência de uma sociedade machista que convencionou por anos que o papel da mulher na sociedade é ser mãe e esposa sem possibilitar espaço ou possibilidades iguais em diversas área de atuação.

Neste contexto Joan Castleman (Glenn Close) ao viajar com o seu marido o famoso e egocêntrico escritor Joe Castleman (Jonathan Pryce) para a Suécia, onde ele irá receber o prêmio Nobel de literatura, repensa suas escolhas e suas renuncias durante os 40 anos de casamento.

Quando conheceu o marido, ela era uma promissora escritora e ele um simples professor que se relacionava com alunas. Enquanto seus textos eram elogiados no passado ela via de perto o machismo de editores que diziam que “ninguém tem interesse no que uma mulher tem a dizer”.
Diante de ver ser impossível romper a barreira social, ela por sua vez incentivou Joe a tentar realizar seu sonho de ser escritor e abandonou o seu.

Nos relacionamentos modernos, por diversas vezes vemos relacionamentos onde mesmo que intuitivamente ou não um dos cônjuges acabam sugando os sonhos do outro em detrimento dos seus. Numa relação abusiva que muita das vezes aos olhos de quem sofre nem parece ser.
E no caso de Joan, esse sofrimento durou 40 anos. E ao perceber o modo como filho (Max Irons) aspirante a escritor, era tratado pelo premiado pai e ao ser seduzida por um biográfo oportunista (Christian Slater) ela passa a questionar o porque de tantos anos esteve atuando como escritora fantasma enquanto seu marido era celebrado como gênio da literatura.

Joe Castleman é um autor que faz questão de se posicionar como gênio em que ao mesmo tempo vende a imagem de marido amoroso usa da fama para trair a esposa. O tipíco egoísta e egocêntrico.

A atriz Glenn Close, vive um dos papéis mais marcantes da carreira. Tanto que já rendeu indicações em diversos prêmios por dar vida a angustiada escritora que se acostumou a ser coadjuvante de um marido egoísta e que ao mesmo que se vende como gênio que se desconstrói de forma brilhante por Jonathan Pryce. Essa desconstrução que o casal tem entre o segundo e o terceiro ato, onde vemos o autor que se comportava com o gênio que era o bajulado no primeiro, começa a se comportar como um frágil e dependente da esposa, que cada vez mais entende que sua capacidade é muito maior do que apenas aplaudir o marido enquanto o vê receber elogios que no fundo são seus.

Em um trecho que resume tudo que ela passa na vida, ao ser questionada se ela trabalha sua resposta : “Eu crio Reis” dá o tom de tudo que ela passou para tornar o marido um autor premiado.
O filme adapta a obra de Meg Woltizer que tem um histórico importante de obras que tratam sobre empoderamento feminino e a luta pelas mulheres em igualdade de oportunidades num mundo onde o machismo se faz muito presente.

O filme estreia no Brasil inclusive num momento oportuno, onde um governo pautado pelo conservadorismo, apoiado por uma parcela significativa da população, tenta minimizar que questões como as apresentadas no filme, que são tão presentes no cotidiano de muitas mulheres que em muitos casos tiveram que abrir mão da carreira por que simplesmente não lhes era dada a oportunidade.

Ao tratar desse tema sensível e atual, o filme acerta com a boa direção de Björn Runge e roteiro de Jane Anderson que criam uma narrativa interessante mesclando flashback em momentos precisos que ajudam a entender a angústia silenciosa da personagem de Glenn Close.

Em um momento em que as discussões sobre os direitos das mulheres e a força do movimento Me Too em Hollywood ainda estão em ebulição, o filme ganha a força necessária para fazer bonito nas principais premiações da temporada.

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