A Maldição de Cinderela

Nesta quinta-feira, dia 20 de junho, o filme de terror britânico ‘A Maldição de Cinderela’ (Cinderella’s Curse), da cineasta Louisa Warren (“A Maldição das Sereias” e das franquias “The Escapee” e “Toothfairy”). O novo filme de terror britânico, oferece uma releitura sombria e perturbadora do clássico conto de fadas da princesa Cinderela.

Este projeto segue a tendência dos gêneros de horror e trash de reinventar histórias conhecidas, semelhante ao que foi feito “Ursinho Pooh: Sangue e Mel”, que tem os mesmos produtores. O filme, apesar de interessante em sua premissa, deixa a desejar em diversos aspectos técnicos e narrativos.

O filme conta a história de Cinderela, que depois de sofrer nas mãos de suas meias-irmãs, da madrasta malvada, e uma humilhação no baile, ela é levada ao limite. A Fada Madrinha concede a ela o poder para sua vingança final, e, transformada em um monstro com cabeça de abóbora, Cinderela vai limpar a casa de uma vez por todas.

A ideia de trazer princesa Cinderela, uma personagem amplamente popularizada pela versão infantil da Disney, para um cenário mais obscuro é instigante. Assim como os contos originais dos Irmãos Grimm, a versão apresentada em ‘A Maldição da Cinderela’, explora as nuances mais sombrias da história, longe dos finais felizes com os quais estamos acostumados. Neste filme, Cinderela não apenas sofre abusos físicos e mentais da madrasta e das meias-irmãs, mas também é envolvida em uma trama de vingança ao fazer um pacto com uma criatura amaldiçoada.

O roteiro, que insere a protagonista em uma trajetória de vingança, faz sentido dentro do contexto histórico e emocional da personagem. O paralelo com ‘Carrie, a Estranha’ (1970) é evidente, especialmente nas cenas em que Cinderela é humilhada no baile e revida com poderes sobrenaturais, marcando sua transformação de vítima para vilã. Esta abordagem subverte a imagem da princesa inocente.

Em entrevista para o CinemaUp, a diretora Louisa Warren destacou que, quando recebeu o roteiro do filme, achou-o muito empolgante e criativo. Ela estava curiosa sobre como poderia integrar elementos do conto original, como o sapatinho de cristal. No filme, esse elemento é utilizado de forma típica do cinema trash, transformando-se na arma que Cinderela usa para assassinar suas vítimas. Essa escolha contribui para a atmosfera peculiar do filme, misturando o terror com o humor.

A atriz principal, Kelly Rian, também compartilhou suas impressões em entrevista para o CinemaUp, afirmando que se sentiu parte de um projeto muito original. Ela disse: “É muito mais icônico interpretar algo assim ao invés de apenas uma personagem boazinha”.

Apesar de sua premissa promissora e algumas escolhas criativas, o longa peca na sua execução. Existe problemas de direção, montagem e de efeitos especiais, mas neste caso é menos cobrado por ser evidentemente prejudicados pelo baixo orçamento do projeto. Erros de continuidade e transições abruptas entre cenas conferem ao filme uma estética amadora, quebrando a imersão do espectador.

A qualidade inconsistente das atuações também é um ponto fraco; enquanto Kelly Rian entrega uma performance satisfatória, o restante do elenco carece de talento e preparação.

É importante lembrar que ‘A Maldição da Cinderela’ se enquadra no gênero trash, onde a qualidade duvidosa muitas vezes é parte do charme. Nesse sentido, o filme atinge seu objetivo de proporcionar entretenimento despretensioso, com cenas sangrentas que arrancam risos do público. No entanto, mesmo dentro do espectro do trash, falta ao filme um refinamento que poderia elevá-lo ao status de um clássico contemporâneo do gênero.

Em suma, *A Maldição da Cinderela* é um filme que vale a pena pela curiosidade de ver um conto de fadas amado transformado em uma narrativa de horror vingativa. É um filme tosco em vários sentidos, mas embora não atinja altos padrões técnicos ou narrativos, cumpre seu papel de entretenimento para o público amante do horror trash.