5.5/10

Hellboy e o Homem Torto

Director

Brian Taylor

Genre

Suspense , Terror

Cast

Jack Kesy, Jefferson White, Adeline Rudolph

Writer

Mike Mignola e Christopher Golden

Company

Imagem Filmes

Runtime

99 minutos

Release date

05 de setembro de 2024

Hellboy se une a um agente novato da B.P.D.P. na década de 1950 e são enviados para os Apalaches. Lá, descobrem uma remota e assombrada comunidade, dominada por bruxas e liderada pelo sinistro demônio local, conhecido como O Homem Torto. À medida que exploram os mistérios sombrios deste lugar isolado, Hellboy confronta segredos enterrados de seu próprio passado, levando-o a uma batalha épica contra forças malignas que ameaçam desencadear o caos sobre o mundo.

É impressionante que a gente já esteja no quarto filme do Hellboy, principalmente considerando que o último reboot, lançado em 2019 e estrelado por David Harbour, foi um verdadeiro fracasso em todos os sentidos. Mais impressionante ainda que, apenas 5 anos depois, tenham decidido lançar mais um reboot. Verdade seja dita, é realmente um reboot e traz um conceito completamente novo para o personagem na telona, ainda não explorado por seus antecessores. Esse conceito vem de encontro com algo que os fãs já vinham pedindo há um bom tempo: mais elementos dos quadrinhos. O novo filme, inclusive, é uma adaptação “direta” da série de HQ de mesmo nome lançada em 2008 e traz um roteiro co-assinado por Mike Mignola, criador do personagem. 

A ideia de usar apenas os quadrinhos como inspiração e o tom dado pelo roteiro de Mike Mignola e a direção de Brian Taylor se provaram decisões acertadas quando consideramos o orçamento limitado de 16 milhões de dólares para essa produção. Mesmo um valor pequeno, principalmente se tratando de um filme de fantasia, é o suficiente para que Hellboy fosse levado para onde seu criador queria desde o princípio: o terror, e não a ação megalomaníaca típica dos filmes de herói. Com as rédeas em suas mãos e com o material original (e a fonte original) em suas mãos, faltarão desculpas para que Mike Mignolia e Brian Taylor possam explicar o porquê de um filme de Hellboy fracassar novamente, mas, infelizmente, é esse o caso. 

Talvez justamente a ideia de que para uma adaptação ser perfeita, ela precisa ser idêntica ao conteúdo original seja o que fez de “Hellboy e o Homem Torto” um filme tão desagradável de se assistir, ou talvez tenha sido a confiança de que os fãs amam tanto o personagem que se contentaram com qualquer coisa fiel aos quadrinhos. “Hellboy e o Homem Torto” começa com Hellboy (Jack Kesy) e a agente Bobbie Jo Song (Adeline Rudolph) numa missão do BPDP, mas no meio do caminho, nas montanhas Apalaches, são obrigados a desviar e acabam caindo numa pequena e isolada comunidade, com habitantes suspeitos. É nessa vila que eles ficam sabendo da existência do Homem Torto e de suas crueldades com habitantes locais, e o foco de Hellboy e Bobbie muda para ajudar essas pessoas que são atacadas por seres místicos. Todo esse misticismo vem dos quadrinhos e mexe também com a origem de Hellboy, que confronta o fato de que sua mãe é uma bruxa, figura que se encaixa muito bem na ambientação escolhida para a história.

No cenário isolado e rural, com uma comunidade afastada de todos, mas principalmente de tudo, incluindo qualquer avanço tecnológico, nasce um filme que claramente se inspira nos filmes de pós-horror e, principalmente, folk horror (terror folclórico). Todos os elementos estão lá, tanto no enredo quanto na direção, mas ao mesmo tempo em que o filme tenta levar a narrativa para diversos lugares, a sensação que fica é a de que nada sai do lugar. Com pouco espaço físico e poucos personagens, o filme ainda consegue abrir diversas possibilidades e deixar pontas soltas em todas elas. Nada em “Hellboy e o Homem Torto” diz, de fato, a que veio. As motivações são fracas e praticamente esquecidas, nenhum personagem gera empatia e as cenas parecem ser apenas uma sucessão de ideias, não necessariamente interligadas com um propósito único. 

Para os fãs de folk horror e os fãs de Hellboy que sempre quiseram ver uma versão mais sombria do personagem no cinema, pode ser que o filme agrade em mais de um aspecto – certamente é melhor do que a versão de 2019, se isso serve como algum consolo, mas o filme não dá nenhuma chance de que novos fãs surjam a partir dessa produção e deixa a desejar até mesmo no que deveria ser mais simples. Salvo algumas ocasiões específicas, até mesmo o clima de suspense desaparece vez ou outra, dando lugar a uma comédia não intencional e completamente deslocada.

 

Por Júlia Rezende

4.5

Houston, we have a problem

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