O Amor Mandou Mensagem

O livro alemão SMS Para você, escrito por Sofie Cramer, já tinha ganhado uma adaptação alemã para os cinemas em 2016 e agora chegou a hora de ganhar o tratamento de Hollywood, com uma nova versão estrelada por Priyanka Chopra Jonas e Sam Heughan com uma super participação da cantora canadense Celine Dion, que interpreta ela mesma e ainda apresenta músicas inéditas.

O filme começa com Mira Ray (Priyanka Chopra Jonas) trocando mensagens de texto com seu namorado John (Arinzé Kene) e assim que eles se encontram pessoalmente é fácil de perceber que eles se amam e são, basicamente, o casal perfeito. Mas quando John está saindo do lugar onde eles se encontraram, é atropelado e acaba falecendo, mudando a vida de Mira para sempre.

Depois da morte do namorado, Mira volta a morar com os pais e mantém distância de tudo que o lembrava dele. Até mesmo sua arte é afetada, Mira é uma autora e ilustradora de livros infantis que contam a história de uma lagarta teimosa que nunca vira borboleta, mas o que antes era uma personagem pra cima, cheia de vida, passa a ser tomada pelo pessimismo e seu trabalho fica emperrado. Ela fica mais de dois anos nessa “semi-vida” até que sua irmã mais nova a resgata da casa dos pais para viver com ela no centro de Nova York e retomar sua vida original, não sem encontrar grande resistência por parte da Mira, que ainda não está nem perto de superar a perda de John e, como forma de se manter conectada a ele, começa a mandar mensagens de texto para seu número, desabafando sobre seus sentimentos.

Ao mesmo tempo temos Rob Burns, um crítico musical que passou por um término há pouco tempo e está completamente desacreditado do amor, o que não é nada bom para sua carreira, já que ficou encarregado de escrever um artigo sobre uma das vozes mais relevantes da música romântica: Celine Dion. Seu primeiro encontro com a diva é desastroso, ele não só não é fã de sua música como também a desdenha completamente, mas Celine é enfática ao lhe dar uma “bronca” e deixa bem claro que ele não deve voltar a entrevistá-la até que pare de agir como um menino em relação ao amor e à vida e se torne um homem.

Os caminhos de Mira e Rob se cruzam quando Rob ganha um celular corporativo do jornal em que trabalha e o novo número que lhe é atribuído é o número que antes pertencia a John e ele passa a receber as mensagens de Mira para seu falecido namorado. Primeiro Rob acredita ser alguém flertando com ele, mas logo percebe que não é esse o caso e, apesar de nunca responder a nenhuma mensagem, elas continuam chegando e ele se vê atraído pela pessoa que as escreve, ao ponto de tentar descobrir quem ela é.

O Amor Mandou Mensagens tem quase todos os clichês possíveis de uma comédia romântica com desencontros como ponto central e clichês são parte inerente desse gênero, mas aqui eles acontecem de forma tão excessiva que sempre sabemos o que vai acontecer com, no mínimo, umas duas cenas de antecedência. O filme é constante no que se propõe, mantendo o ritmo estabelecido no começo até o final e os personagens são cativantes o suficiente para que não fiquemos sem paciência com eles mesmo em seus momentos mais absurdos, mas as confusões criadas pela trama são quase todas absurdas no nível de poderem ter sido evitadas se os personagens parassem para pensar por pelo menos 1 minutos antes de agirem, de uma forma que acaba tirando ainda mais a credibilidade do enredo em diversos momentos.

A adição da Celine Dion à história é mais uma promoção para a cantora do que um fator necessário para o desenvolvimento do roteiro, mas uma coisa não precisa ser necessária para ser divertida e a cantora, que até se dá bem como atriz, traz um clima agradável e sensível, principalmente quando compartilha fatos de sua própria experiência pessoal com o amor e o luto. Os demais personagens secundários também têm sua parcela de crédito pelo enriquecimento da trama, principalmente quando se trata de alívio cômico, contando até com uma participação especial de Nick Jonas, marido de Priyanka, numa cena que conta mais como um agrado para os fãs do que qualquer outra coisa, mas também diverte.

Por  Júlia Rezende