5.0/10

O Jogo da Morte

Director

Anna Zaytseva

Genre

Suspense , Terror

Cast

Anastasiya Bratsyun, Timofey Eletskiy, Danya Kiselyov

Writer

Evgeniya Bogomyakova, Olga Klemesheva e Anna Zaytseva

Company

Paris Filmes

Runtime

91 minutos

Release date

22 de fevereiro de 2024

A estudante Dana chora por sua irmã mais nova, uma criança outrora feliz que cometeu suicídio. Desesperada para saber o que aconteceu, ela explora a história online de sua irmã, descobrindo um jogo sinistro nas redes sociais.

Novas “trends” aparecem na Internet todos os dias. Com o uso cada vez mais frequente e inevitável de redes sociais, as novas gerações já nascem praticamente programadas para fazer parte de TikTok, Instagram e outras redes que eu já passei da idade para conhecer. Quando ouvimos falar dessas trends, conhecidas no Brasil como “desafios”, é difícil distinguir realidade de fake news. O desafio que inspira o filme “O Jogo da Morte”, lançado em 2021, mas que só chega agora aos cinemas brasileiros, é chamado de “Baleia Azul”, um desafio que alcançou uma fama que rompeu a bolha da Internet e virou assunto para alertar aos pais com filhos na Internet, isso porque era um tipo de jogo misterioso, comandado por pessoas que se utilizavam de truques mentais para entrar na cabeça de adolescentes e o fazerem completar desafios, que começavam pequenos, mas podiam chegar à automutilação e até mesmo ao suicídio. 

Por mais assustador que pareça, também houve o alerta de que nem tudo que se ouviu dizer sobre esse desafio era, de fato, verdadeiro. O filme, no entanto, parte do princípio de que todos os os rumores eram realidade, para criar uma narrativa propícia para o gênero de terror/suspense. Por mais que a ideia de que exista um jogo “mortal” na Internet seja instigante, por si só não sustentaria um roteiro inteiro de um longa-metragem, então brincar com extremos é uma ideia inteligente por parte do roteiro e da direção de Anna Zaytseva, mas escolher um tema tão nichado e específico de um recorte pequeno do tempo tem seus desafios, e deles, Anna Zaytseva não conseguiu se desvencilhar. 

Para contar uma história sobre Internet, foi escolhida a técnica screenlife, em que assistimos a todas as cenas através de telas do filme, como webcam do computador, câmera do celular, câmera de segurança, etc. Talvez essa técnica teria convencido melhor se ainda fosse uma novidade, mas quando temos outros filmes como Desaparecida, Buscando… e até mesmo Cuidado com Quem Chama, um dos melhores filmes de terror recentes e que usou o screenlife com maestria, a comparação deixa à mostra as fragilidades de “O Jogo da Morte”. Por mais que a técnica caiba na narrativa, usá-la durante todo o filme fez perder a potência de algumas cenas que pediam por enquadramentos mais abertos e livres, menos engessados. Uma escolha técnica jamais deve limitar negativamente o conteúdo em questão, em algumas cenas o uso da câmera do celular nos leva a questionar o porquê dos personagens ainda estarem com um celular na mão. Em outras, o manuseio de redes sociais e outros dispositivos exige um nível de conhecimento dessas tecnologias pelo espectador e acaba limitando seu público exclusivamente a pessoas que tem uma vida virtual ativa em diversas redes.

Em torno do desafio da Baleia Azul, a história acompanha a família de Dana (Anna Potebnya), uma adolescente que acabou de perder a irmã mais nova Yulya (Diana Shulmina) para o suicídio e tem um relacionamento difícil com a mãe. Depois da morte de Yulya, Dana encontra vídeos suspeitos no computador da irmã e descobre que sua morte teve a ver com o desafio. Primeiro Dana tenta alertar a polícia, mas diante da falta de evidências, o caso não é levado adiante e, sendo uma adolescente, ela decide descobrir sozinha o que aconteceu, entrando no Desafio da Baleia ela mesma. É evidente desde o começo que o plano é falho, mas esse é exatamente o ponto de desafios como esse, os jovens sempre se sentem mais inteligentes e julgam ser impossível cair em golpes desse tipo, mas, assim como Dana, o poder da Internet vai muito além do que adolescentes podem imaginar.

Apesar de furos, o roteiro é bem construído por uma parte do tempo, os personagens são rasos, mas desenvolvidos o suficiente para levar a narrativa para frente, assim como as situações nas quais Dana se envolve. Com um toque de romance, mistério e elementos de terror, o filme segue por um bom caminho, até começar a abraçar diversos temas para tentar um fator surpresa no final. São muitos plot twists, tantos que chega a confundir o espectador e sem grandes justificativas. Ainda é possível aproveitar o filme, especialmente se você conseguir olhar além das falhas.

 

Por Júlia Rezende

6.5

Orbiting

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