Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2
Director
Rhys Frake-Waterfield
Genre
Terror
Cast
Scott Chambers, Tallulah Evans, Ryan Oliva
Writer
Matt Leslie
Company
Imagem Filmes
Runtime
100 minutos
Release date
25 de abril de 2024
Em 2023, logo após os personagens principais das histórias do Ursinho Pooh entrarem em domínio público nos EUA, foi anunciado, e rapidamente lançado, o filme “Ursinho Pooh: Sangue e Mel”, em que o Pooh e o Leitão viram assassinos canibais. A execução foi tão grotesca quanto a ideia inicial, o que acabou resultando num fortíssimo candidato a pior filme do ano. Dentre os incontáveis problemas do filme (que você pode conferir na nossa crítica aqui), a caracterização dos personagens e o roteiro – ou melhor, a falta dele – foram os mais marcantes. O Pooh e o Leitão pareciam apenas homens com máscaras bizarras (e aleatórias) e a história sem pé nem cabeça nem ao menos se preocupou em criar uma trama minimamente coerente. De qualquer forma, a curiosidade superou as péssimas críticas e o filme faturou um pouco mais de 5 milhões de dólares, um número bastante expressivo levando em conta seu orçamento de apenas 50 mil dólares. Um “sucesso” de bilheteria, é claro, leva à franquia e é assim que chegamos a Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2, apenas um ano depois, e com grandes possibilidades de expandir o “Poohverso”.
Se você acompanha a cena dos filmes de terror, ou de filmes trash no geral, pode ter chegado até você a promessa de que essa sequência é diferente. O Rotten Tomatoes, por exemplo, que acumulou 3% de aprovação da crítica especializada e 50% do público geral para o primeiro filme, teve um aumento significativo para o segundo: 55% de aprovação da crítica e impressionantes (e, francamente, injustificáveis) 80% de aprovação do público. Há duas formas diferentes de julgar Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2, uma delas é usando como base a indústria cinematográfica como um todo, ou até mesmo apenas os filmes B, e outra, usando como base o primeiro filme – e os resultados têm um abismo de distâncias entre eles. Comparando com o primeiro filme, esse é, definitivamente, um grande avanço – ainda que ele ainda esteja bem longe de poder ser considerado um filme bom, ou ao menos razoável.
Algumas mudanças consideráveis foram feitas para que Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2 pudesse subir um degrau em relação ao seu antecessor. Depois do massacre no Bosque dos 100 Acres, a cidade se dividiu entre aqueles que acreditam na versão de Christopher Robin de que Pooh e Leitão foram os responsáveis pelos assassinatos e ainda saem em sua caçada nos bosques. Já a outra metade dos habitantes acha que Christopher foi o real assassino e inventou toda a história dos animais de sua infância, enquanto ele tenta provar sua inocência. Não é algo necessariamente bem pensado ou bem construído, mas já é alguma coisa. Christopher Robinson também mudou – literalmente, já que antes foi vivido por Nikolai Leon e na sequência foi substituído por Scott Chambers, que explora um pouco mais o lado “dramático” de Christopher. A caracterização dos animais também está diferente, as máscaras estão mais assustadoras, mais agressivas, ainda que não pareçam com os personagens originais dos desenhos e agora temos uma explicação para o porquê de eles se parecerem humanos (completamente contraditória em relação ao que fora explicado no outro filme, mas mais aceitável).
O maior motivo da decepção causada pelo primeiro filme foi a falta de qualquer emoção, a história não dava medo, não assustava, não divertia e nem ao menos fazia rir, fugindo até mesmo da possibilidade de ser tão ruim que fica bom, como tantos clássicos do terror. No segundo, o diretor Rhys Frake-Waterfield e o novo roteirista Matt Leslie dão, ao menos, um passo na direção certa para decidir que tipo de filme de terror eles querem fazer: um slasher com muito sangue, muito gore e mil e um tipos de morte, uns mais criativos que os outros. Todo o filme é um grande rio de sangue, dá pra ver que se empolgaram com o orçamento levemente mais alto e resolveram explorar novas possibilidades de violência, intercaladas com momentos mais dramáticos na esperança de elevar a trama, mas que não casavam em nada com as cenas que as seguiam.
O que Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2 tem a seu favor é a capacidade de, enfim, poder se encaixar numa categoria que pode lhe render uma base mais sólida de fãs, ainda que tenha um longo caminho a percorrer. O resultado foi superior ao primeiro, algo extremamente fácil considerando o fracasso absurdo em todos os sentidos além da bilheteria, mas ainda está muito aquém de outros filmes desse gênero específico.
Por Júlia Rezende