Robocop, O Policial do Futuro

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Considerado o filme mais importante do holandês Paul Verhoeven, “Robocop” é descrito pelo próprio diretor como o “Jesus Cristo” dos seus trabalhos, ou seja, sua porta de entrada para a América e o divisor de águas na carreira. O final dos anos 80 já mostrava um maior investimento do Cinema Europeu e os diretores deixaram de ser um “objeto nacional”. No caso de Verhoeven, por exemplo, o diretor foi um dos poucos na época a conseguir ingressar no Cinema norte-americano sem perder sua característica autoral: a ultraviolência e o tom distópico de suas obras, aqui demonstrados através de tomadas simulando noticiários reais da TV – o diretor faria o mesmo posteriormente em O Vingador do Futuro (1990) e Tropas Estelares (1997). “Robocop” completou 27 anos esta semana e é incrível como envelheceu bem, sendo ainda considerado superior ao seu remake lançado este ano pelas mãos do diretor brasileiro José Padilha.
Vou começar polemizando: No aniversário de 26 anos da estreia de “Robocop”, a cidade de Detroit declarou falência, sendo a maior quebra de uma cidade da história norte-americana! Coincidência? Possivelmente, mas… Contextualizando à época de seu lançamento, “Robocop” já nos comprovava a frase que dizia que “o futuro não é mais como era antigamente”. Cheio de ação, efeitos especiais inovadores e violência explícita apoiados por um roteiro inteligente e também inovador em filmes de ação (méritos da dupla Edward Neumeier e Michael Miner, que escreveram a versão de 2014 também), aborda questões interessantes como a privatização da polícia por uma empresa privada, gerando obviamente, interesses comerciais, uma aposta arriscada em meio ao clima distópico e de altíssima criminalidade de Detroit. A forte energia imposta por Verhoeven nas suas tomadas e cenas de ação tornam propositalmente o filme um tanto exagerado, e isto de forma alguma tira méritos do filme, mas na verdade o transforma em uma sátira à cultura americana, como a sociedade da época e o ramo empresarial, transbordando cinismo, ganância e sadismo de forma nua e crua.
O roteiro havia sido oferecido a vários grandes diretores de Hollywood e foi recusado por todos. O próprio Verhoeven, a princípio, havia jogado fora o roteiro por pensar ser um filme tolo de ação. Sua esposa leu o roteiro por completo e convenceu o diretor que a história dava abertura para elementos alegóricos e satíricos, e só então ele aceitou entrar no projeto. Apoiado por um modesto, porém eficiente elenco e um ótimo trabalho da equipe de produção – foi indicado ao Oscar de Melhor Som e Melhor Edição e ganhou um Oscar Especial por Edição de Efeitos Sonoros – “Robocop” alcançou elogios da crítica na época e foi considerado um dos melhores filmes de ação de 1987. Parece pouco, mas competiu com filmes do calibre de “Predador”, “Máquina Mortífera”, “O Sobrevivente”, “Um Tira da Pesada 2” e “007 – Marcado para Morrer”, entre outros. Certamente o que mais fez o filme se destacar dentre a concorrência foi a visionária e perspicaz visão do diretor e o sucesso do filme influenciaria muitas outras obras futuras, o ressurgimento do policial como símbolo da justiça e da coragem, além de conquistar milhares de fãs ao redor do mundo.

 

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