Hugo Chávez é certamente uma das figuras mais icônicas da América Latina nos últimos anos, afinal, desde que assumiu a presidência da Venezuela em 1999, seu governo dividiu opiniões. Hoje, quatro anos depois de sua morte e com o país enfrentando a pior crise econômica de sua história, a trajetória deste líder ainda causa polêmica, como mostra reportagem do jornal Financial Times reproduzida pela Folha de S.Paulo.
A estreia de “El Comandante”, biografia televisiva de Chávez em 60 episódios, gerou reações acaloradas, primeiramente por ter sido mantida fora do ar na Venezuela. A Sony não licenciou a série no país, ou seja, ela não foi proibida. Porém, Carlos Correa, membro do grupo de defensoria do Espaço Público, afirmou que as operadoras de TV a cabo foram instruídas a não transmiti-la. O ministro de Comunicações, por sua vez, negou que houve censura, embora tenham feito campanha contra o programa.
O círculo de pessoas mais próximas a Chávez rejeitou a série. A ex-mulher do líder populista classificou-a como “podre”, enquanto o atual presidente, Nicolás Maduro, a descreveu como “porcaria”.
O Partido Socialista, como revide, encomendou série que promete um retrato diferente do líder venezuelano. Já havia sido anunciada, anteriormente, pelo irmão do ex-presidente e ministro da Cultura, a produção de um seriado intitulado “O Verdadeiro Chávez”, financiado pelo governo e que serviria como resposta à produção da Sony.
Moisés Naím, criador da série e ex-ministro do Comércio, afirmou que “El Comandante” não se trata de uma biografia, mas sim de ficção. E justificou a produção dizendo que “ele [Hugo Chávez] seduziu um país, um continente… Juntamente com Che Guevara e Fidel Castro, ele pertence à trilogia de líderes latino-americanos que conquistaram fama mundial. […] Mas também temos que mostrar que, conforme ele concentrou poder, criou um modelo que obviamente tem muito a ver com a catástrofe em que a Venezuela se encontra hoje”.