Quando o assunto é criatividade, alguns atos se tornam mais expressivos do que mil palavras.
Baseado na série britânica de mesmo nome criada pelo vencedor do Oscar Nick Park, esta produção cinematográfica realizada por Richard Starzak e Mark Burton, se tornou possível após seis anos de planejamento e o resultado não poderia ter ficado melhor.
A história se passa em uma fazenda residida por um homem, conhecido como o fazendeiro, seu cachorro Bitzer, seu rebanho de carneiros e outros animais.
Cansados da vida corrida, previsível e monótona, onde só existe tarefas previamente estabelecidas pelo fazendeiro, o rebanho de carneiros, através do cabeça do grupo, o carneiro Shaun, decidem tirar pelo menos um dia de folga para fazerem o que quiserem. Com um plano traçado por Shaun, o rebanho acaba lotando a casa do fazendeiro após colocá-lo para dormir encenando a técnica “contar carneirinhos” para dormir.
O plano vai por água abaixo quando o trailer antigo onde o rebanho havia prendido o fazendeiro, acaba se soltando ficando incontrolável e, em vão, o rebanho junto ao cachorro Bitzer tentam salvar o fazendeiro que acaba caindo ladeira abaixo em direção ao centro da cidade. O fazendeiro acaba batendo a cabeça em um acidente com o mesmo trailer e vem a perder a memória, não lembrando quem é.
O rebanho acaba tendo a ideia de ir até a cidade grande e tentar encontrar seu dono em uma jornada mais do que aventureira e engraçada, tendo que lidar com perigos, além de enfrentar um excêntrico capturador de animais. Tudo isso para não apenas, simplesmente encontrar o seu dono, mas também levá-lo para casa e fazer com que o mesmo recupere a sua memória.
Sem diálogo falado, a comunicação entre pessoas e animais é totalmente sem palavras ou pelo menos palavras que apenas os personagens entendem. O interessante do filme é que tal fato não compromete o entendimento do telespectador, seja ele criança ou adulto.
Com uma tecnologia semelhante a outros filmes como ‘A Fuga das Galinhas’ e ‘Piratas Pirados’, o filme não mede esforços para tornar o enredo engraçado, com figuras engraças e cenas hilárias que fazem de ‘Shaun, o carneiro: O Filme’ uma comédia deliciosamente única, com um roteiro inteligente e que, com certeza, irá influenciar outras produções do tipo. Curiosamente, ‘A Fuga das Galinhas’ foi produzido pelo mesmo idealizador da série, Nick Park, o qual ganhou o Oscar por seu trabalho em ‘Wallace & Gromit: A Batalha dos Vegetais’.
O filme já tinha uma receptividade boa, tanto do público quanto da crítica especializada e acabou sendo indicado, nada menos, do que ao Oscar de Melhor Animação. O filme concorre com produções tão interessantes quanto o mesmo, como ‘Divertida Mente’ e o brasileiro ‘O Menino e o Mundo’. Em uma época em que as animações estão ficando cada vez mais maduras e adultas, é sempre bom ver um filme direcionado para todos os públicos.
Com certeza é um filme que transparece beleza e alegria e que merece, sem sombra de dúvida, uma continuação ainda mais engraçada. Conforme os executivos do estúdio Ardman, responsável pela produção, cogita-se, realmente, uma continuação do filme.