O amor foi feito para ser sentido e vivido, mas acima de tudo, experimentado. Assim, é natural que dentro de um mundo com o qual temos hoje, apaixonar-se por aquela ou aquele, seja algo tão corriqueiro como manifestar toda e qualquer forma de afeto.
No mundo dos animes isso sempre é bem mais difícil. Não basta dizer “Eu te amo”. Essa frase carrega um peso muito além do que a semântica ou qualquer análise linguística pode mensurar. Tem que ser dito de coração, com certeza e para a pessoa certa. Se os otakus e amantes das animações se emocionam até hoje com o pedido de casamento de Chi Chi para Goku (lembram que ele acontece depois dos créditos do primeiro filme?), o que dizer de Hinata e Naruto?
‘The Last – Naruto O Filme’ não é uma animação essencial do ponto de vista da série de TV. Você não terá aprofundamentos sobre a Akatsuki, ou qual fim levou Sassuke, ou qualquer um dos Kages que participou da ‘Grande Guerra Ninja’ do anime (não do mangá, que ainda tem alguns epílogos sobre determinados personagens a serem lançados). O filme tem como objetivo mostrar que, o relacionamento entre Hinata e Naruto não foi e nunca será superficial.
Com ritmo bastante lento (proposta ousada do ponto de vista de filmes do gênero) e com peculiaridades que só os fãs vão notar, Tsuneo Kobayashi traz à tona a importância de um simples objeto na construção de um relacionamento. Costurado, remendado e até devidamente destruído, o cachecol feito por Hinata é a demonstração mais pura do amor. Quando ele é dado a Naruto, espera-se que assim esteja consumado o relacionamento, e que o “Eu Te amo” seja uma questão de tempo. Errado!
O grande acerto da animação é justamente explicar o porque dos protagonistas se amarem tanto. Não são as batalhas, declarações interrompidas, ou experiências vividas à dois. Existem elementos que transcendem a materialidade do relacionamento entre eles. O cachecol é só um exemplo disso.
‘The Last – Naruto O Filme’ não vai agradar à todos os fãs, mas pode se orgulhar de acrescentar algo muito mais forte e intenso que lutas à um anime considerado de ação e aventura. Dificilmente veremos algo do mesmo nível nos cinemas (‘Evangelion’ por exemplo, tem praticamente a mesma temática, guardadas as devidas proporções, e foi lançado diretamente em Home Video), por isso mesmo, só pelo fato de existir, torna a obra obrigatória.