Esta produção singela da Jordânia, dirigida por Naji Abu Nowar, conseguiu atrair os olhares do público no Festival de Veneza no dia 4 de setembro de 2014, mas só estreou nos Estados Unidos em meados de 2015, conseguindo assim uma indicação ao Oscar 2016 na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, sendo a primeira vez que a Jordânia disputa o referido prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
O filme conta a história do menino Theeb, que traduzindo significa “lobo”. Na aldeia onde Theeb vive com seu irmão Hussein, uma visita inesperada de um soldado inglês chama a atenção do jovem, despertando a curiosidade do mesmo com relação ao motivo da vinda do referido soldado e naquilo que o mesmo carrega, como por exemplo, uma caixa misteriosa em que Theeb tenta entender o seu real significado.
Com a missão de voltar para a sua civilização, o soldado inglês deve passar pelo grande deserto daquela região e, para isso, os aldeões nomeiam o irmão de Theeb, Houssein, para servir de guia para o referido soldado, estando na presença de um outro aldeão designado para acompanhá-lo.
Cercado de receio e inquietude, o menino Theeb acaba seguindo o grupo que, por meio do consentimento de seu irmão, é autorizado a permanecer com os adultos e servindo de ajudante. No meio dessa jornada, um bando de rebeldes acaba encurralando o grupo, matando o aldeão e o soldado inglês. Theeb consegue se esconder junto com o seu irmão Houssein, o qual acaba matando alguns rebeldes e ferindo outro. De uma forma curiosa o mesmo rebelde que foi ferido acaba matando Houssein, fazendo com que Theeb acabe se escondendo em um poço.
Após o perigo passar, Theeb sai do poço mas acaba dando de cara com o assassino de seu irmão em cima de um camelo e desacordado. Ao acordar, o estranho rebelde se estranha com Theeb, chegando a estabelecer uma verdadeira ameaça entre os dois. Entretanto, Theeb e o estranho ferido percebem que não irão chegar muito longe sem contar um com o outro para sobreviverem.
O enredo, embora simples, consegue se revelar bastante inteligente e, de certa forma, impactante, de modo a contrariar qualquer outra produção com a mesma temática, principalmente as Hollywoodianas e, de uma forma peculiar, é exatamente com relação a isso que o filme se torna bom, uma vez que o roteiro se deixa entender como uma ideia bastante direta, simples e emocionante. O final de ‘O Lobo do Deserto’ é o que o filme tem de especial, pois é imprevisível, mesmo o publico tendo compreendido os sentimentos de cada personagem. A parte final do filme é o que transparece a realidade delicada em que o personagem principal se encontra.
A produção, de um modo geral foi bem dirigida. É um filme curto, direto e nada cansativo. Com uma bela fotografia e bem editado, o filme se tornou belo aos olhos do público, apesar de todo o cenário de guerra mostrado na produção. Pode-se dizer que ideia principal do filme é a forma de como os sentimentos humanos se tornam modificáveis ou não, diante de situações embaraçosas que envolvem a necessidade e a vontade de viver.
