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Pode não ter sido com esse elenco, com esses personagens, com esse diretor ou muito menos com esse roteirista, mas você já assistiu a esse filme. Já teve essa sensação? O cinema é cheio de inspirações e encontramos diversas histórias iguais, mas com seus ideais e propostas diferentes. Mas com ‘Tio Drew’ tudo é igual. Afinal, construir um filme em cima de uma pegadinha não poderia trazer um produto de grande qualidade. Sim, em 2012, a Pepsi realizou um comercial com o jogador do Boston Celtics maquiando-o como velho e enganando um grupo de pessoas. Você já deve ter visto o mesmo com o jogador de futebol Cristiano Ronaldo. E sim, essa ideia rendeu um filme – inclusive, a cena de introdução ao personagem de Irving é idêntica ao vídeo. Parece preguiça de Hollywood em querer elaborar histórias de qualidade, mas algumas vezes a diversão vem antes de qualquer coisa. Por mais banal que seja a história desse filme, existe uma diversão por ali, não sei onde, mas em tela, é nítido ver os cinco jogadores curtindo tudo. Por mais que não tenham jogados juntos na NBA, Kyrie Irving, Shaquille O’ Neal, – bem presente nas telonas nos últimos anos – Chris Webber, Reggie Miller e Nate Robinson – e também a jogadora de basquete feminino Lisa Leslie – conseguiram construir um produto de distração. E só isso.
Sem pretensão alguma para criar qualquer história interessante, ‘Tio Drew’ é uma prova de amizade. O projeto em si já demonstra essa união inesperada e o texto trabalha esse fator específico muito bem. Temas como amizade e união são as principais qualidades presentes no longa. Em um período em que acabamos de vivenciar a Copa do Mundo, evento que provocou muitas discussões sobre individualismo e trabalho em equipe chega até ser um pouco gratificante assistir isso em um filme que acaba de chegar aos cinemas. Ainda que ‘Space Jam’ (1996) tenha conseguido trazer grandes jogadores para “atuar”, aqui, eles funcionam dentro da proposta. Pelo menos, chegam a superar muitos dos atores de verdade (ou quase isso).
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Como crítico, é sempre importante tirar os olhos técnicos para algumas obras. Nessa, o longa exige que eu não faça nada, apenas sente em minha poltrona, desligue meu cérebro e embarque em uma diversão sobre basquete. Infelizmente, ‘Tio Drew’ não sustenta essa diversão. Por mais fraco que o plot da história seja, o maior erro foi chamar um roteirista ainda mais fraco, quer dizer, que ainda não conseguiu se provar um bom roteirista, apenas tendo ‘Fora de Rumo’ (2016) na carreira. Já na direção, acertaram em chamar Charles Stone III, principalmente por sua filmografia já ter passado por esporte. Mas aqui, mesmo com acertos na maioria do tempo, traz uma câmera empobrecida em momentos em que mais se esperava uma boa direção: no basquete. Com um elenco recheado de astros do esporte, era esperado nas cenas em que eles não atuassem mal, no mínimo, uma boa e compreensível direção. Mas não. Charles decide escolher uma câmera em constante movimento, como se fossemos a própria bola em jogo, então é constante idas e vindas da câmera durante o movimento dos jogadores. Como se não bastasse, fora do jogo, no desenvolvimento da história, Charles escolhe planos fechados. O problema está na escolha em ter essa atitude com profissionais que não atuam e estão ainda mais limitados com a pesada maquiagem no rosto. Aparentemente, Charles aproximou muito a câmera para enfatizar uma das poucas qualidades do filme, a própria maquiagem. Enquanto isso, o texto traz piadas prontas e tão infantis que funcionam poucas vezes e com o tempo acabam se transformando em vergonha alheia.
Por mais fraca que seja, a comédia vale por ver esses astros juntos, mesmo que irreconhecíveis. Então caso outros filmes estejam com ingressos esgotados, sente na poltrona, desligue seu cérebro e procure se divertir. Já que quase todos os jogadores já são aposentados das quadras, é bom que nem pensem em criar longa carreira nas telonas.
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